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segunda-feira, dezembro 17, 2001
escuta aqui
Deixei meu coração em San Francisco
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
"Brothers and sisters", acabou a nossa brincadeira, como dizia aquele velho comercial de uma empresa de mudanças. Volto amanhã ao Brasil, em definitivo, depois de dois anos e dois meses na linda, nublada e culturalmente explosiva San Francisco.
Os que têm a paciência de seguir "Escuta Aqui" acompanharam os percalços e as alegrias de minha temporada californiana.
No início, em outubro de 1999, fiquei, de cara, alucinado com a burocracia das repartições públicas -burocracia que, ao contrário da brasileira, não é corrupta, mas igualmente inepta. Eu não engolia o sistema bancário (lerdo, ilógico, muito pior que o do Brasil) e me sentia deprimido ao andar por uma rua cheia de restaurantes, às 18h de um sábado, e ver as mesas cheias de gente... jantando.
Mas, claro, havia também o fascínio de viver numa cidade pouco menor do que Campinas (SP) e que tem, sem nenhum exagero, mais eventos culturais em uma quinzena do que São Paulo oferece em um ano. As lojas de discos maravilhosas, as livrarias idem, o ambiente cultural de alta sofisticação, a segurança de andar sossegado pelas ruas, as incontáveis quadras públicas de esportes...
Tudo surpreendentemente novo para mim, que já tinha vivido nos EUA (em Boston, em 1989/90), visitava sempre o país e, de tanto consumir artefatos pop americanos, julgava-me um expert no modo de vida local.
Só que morar aqui, para valer, como adulto, tendo de ganhar a vida, é mais ou menos como um jovem urbano cheio da grana, no Brasil, ir servir o Exército no meio da Amazônia.
Nos EUA, amigo, ninguém faz nada para você. No banco, você é ignorado (e nem poderia ser diferente, porque os funcionários não param no emprego). Obras em casa? Só o Tom Cruise e o Bill Gates têm dinheiro para pagar pedreiro, encanador etc. etc. Para os mortais, é tudo na base do mãos à obra.
Desculpe a sociologia de quintal, mas aprendi, aqui, que a sociedade americana se equilibra entre dois pólos distantes. De um lado, a crença ultra-individualista na autodeterminação e no trabalho. De outro, o espírito de bem comum, que se manifesta na capacidade de organização e na atitude generosa de doar e de prestar serviços à comunidade.
No meio disso, na zona cinzenta das relações interpessoais, há um imenso vácuo. Amizades, do tipo que conhecemos no Brasil, têm papel totalmente secundário. Experimente ligar para um americano, mesmo que seja o seu melhor "amigo", e convidá-lo para algo que não tenha sido marcado com pelo menos uma semana de antecedência. Não vai rolar. Ou tente, num momento de crise, desabafar com um americano seu conhecido. Ele não vai dar a mínima.
Você, jovem leitor de classe média, não faz idéia de como sua vidinha brasileira é confortável. Só que é também isolada, provinciana. Se quiser virar adulto de verdade, é bom passar um tempo nos EUA. Para ficar esperto.
MEMORÁVEIS
Pancadaria
"O show de Mike Ness (ex-Social Distortion) terminou com trocas de socos e um certo alívio -enquanto ele tocava, a impressão é de que poderia explodir um tumulto a qualquer momento."
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22.nov.1999
Lado chato
"A vida diária ensina que nem tudo é rapidez, eficiência e cortesia. Os obstáculos são imensos, muitos parecidos com aqueles (burocracia, burrice) que achamos que só existem no Brasil."
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24.jan.2000
Billy Corgan visionário
"Em 1988, ninguém tocava pesado, exceto nós e as bandas de Seattle. Todo mundo dizia que éramos loucos (...). Só que o grunge explodiu e provamos que estávamos certos. Agora digo que o rock está esgotado, chegou a hora de buscar outros rumos."
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Billy Corgan, 8.mai.2000
Neil Young leva um não
"Neil Young, o rei do underground , o barulho em pessoa, foi despachado da porta de uma churrascaria de San Francisco por cometer a ousadia de tentar jantar, num domingo, depois das 21h."
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14.mai.2001
Disciplinados
"A sociedade americana não é ágil, nem eficiente. É, isso sim, obstinadamente disciplinada, e ótima no quesito planejamento. Só que nem toda a disciplina do mundo consegue lidar com o imponderável."
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20.nov.2000
Hippies malas
"Acordo às 5h45, boto world music para tocar (...) e, depois de comer aspargo cru ou melão, acendo um incenso para livrar a casa das energias negativas e pedir aos espíritos do mal que vão embora."
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3.set.2001
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