terça-feira, outubro 02, 2001

Radiohead faz disco ao vivo




O Radiohead anuciou na semana passada que vai lançar um disco ao vivo com gravações feitas durante a sua última turnê européia. O disco vai se chamar "I Might Be Wrong" e o repertório é baseado apenas nos álbums "Kid A" e "Amnesiac", exceto a inédita "True Love Waits". O lançamento está previsto para o dia 12 de novembro.

A lista das músicas do CD:

"The National Anthem"
"I Might Be Wrong"
"Morning Bell"
"Like Spinning Plates"
"Idioteque"
"Everything In Its Right Place"
"Dollars And Cents"
"True Love Waits"
O colunista mais amado e odiado do Brasil

Por Sylvie Piccolotto & André Takeda



Dividindo seu tempo entre San Francisco e São Paulo, o jornalista Álvaro Pereira Júnior cria polêmicas semanais em sua coluna Escuta Aqui, publicada todas as segundas-feiras no caderno Folhateen da Folha de São Paulo. Confira aora o papo que o London Burning bateu com APJ.

LB - Vc, o André Barcinski, o Lúcio Ribeiro, entre outros, são muito criticados pelos jovens jornalistas, que os chamam de "velha guarda". Eles acreditam que vcs não têm mais nada de novo a dizer e os acusam de serem preconceituosos em relação ao rock pop nacional. O que vc tem a dizer a esta "jovem guarda"?

APJ - Acho natural que surjam novas gerações de jornalistas. Se cobro tanto, na minha coluna, que a MPB deve se renovar, eu não poderia agir diferente quando o assunto é jornalismo musical. Mas é bom lembrar que juventude, por si, não garante qualidade. E, infelizmente, o pouco que leio desses novos nomes é muito fraco. Sem querer parecer pedante, 90% do que cai na minha mão é imitação do meu jeito de escrever, que, por sua vez, já não é lá grande coisa...

LB - Vc conhece/lê algum zine de cultura pop feito no Brasil?

APJ - De vez em quando recebo alguma coisa, e, do pouco que leio, acho quase tudo sofrível. Idéias requentadas, estilo gongórico, piegas. Uma desgraça. Única exceção: um zine feito por ex-alunos da ECA-USP chamado "Hypoglós", se não me engano. Era absurdamente bem-escrito e tinha idéias originais, visão de mundo própria, erudição, deboche... e me esculhambava bastante. Não sei onde andam esses caras (eram dois). Pena.

LB - Como é (foi) fazer programa de rádio tocando músicas pouco ouvidas pela grande massa? Você gostaria de ter um programa diferente?

APJ - O "Garagem" é uma brincadeira. Só existe porque o André Barcinski é maluco. Não ganhamos nem pagamos nada para fazê-lo. É divertido, e está no horário certo.

LB - Muita gente afirma que é necessário viver fora do país natal para amá-lo de verdade. Vc, que vive nos Estados Unidos, concorda com isso? Como a sua experiência no exterior mudou o jeito que vc vê o Brasil?

APJ - Morar fora é importante porque o acesso à informação, nas grandes cidades do primeiro mundo, é estupidamente maior do que se tem no Brasil, mesmo em São Paulo. Por outro lado, a vida no exterior é também chata e cheia de regras, coisa que incomoda brasileiros. Em resumo, sem morar fora um tempo, acho difícil alguém escrever direito sobre qualquer assunto. Mas tem seu preço.

LB - O que a cena independente de rock brasileira tem que aprender com a americana? APJ - Primeiro, aprender a tocar. Segundo, a se organizar. No Brasil, há uns meses, vi um show de uma banda chamada Super 8, e gostei. Fui pedir uma fita pros caras e eles disseram que não tinham, mas que "parece que um cara nas galerias tem". É o fim.

LB - Qual foi o último show que vc assistiu? Que show vc gostaria de assistir que vc não tenha visto.

APJ - O último foi Belle and Sebastian, em San Francisco. Nunca vi Beatles, gostaria de.

LB - Quem é mais chato: Arnaldo Antunes ou Radiohead?

APJ - > Arnaldo Antunes, porque é em português e a gente entende as bobagens que ele fala. E o Thom Yorke, chato ou não, tem muito talento.

LB - Quase todo mês a Folhateen publica uma carta de um leitor pedindo a sua
demissão. Qual o seu sentimento em relação à tudo isso? E a Folha, como reage?

> APJ - Minha coluna sai em um caderno semanal, que nem tamanho de jornal tem e é dirigido a um público específico (adolescentes). Em bom português: "Escuta Aqui" não tem a mínima importância. A Folha tem coisas mais urgente com que se preocupar.

LB - Como vc se sente colocando Belle & Sebastian, Air, Radiohead e outras bandas legais como trilha de suas matérias no Fantástico?

APJ - Me sinto feliz de que alguém perceba.

LB - Quais são seus projetos atuais?

APJ - Voltar para o Brasil, em definitivo, no fim do ano. Fazer um livro-coletânea de minhas colunas.

LB - Em uma coluna, li que vc é fã de Nick Hornby. Então vamos fazer como o personagem de Alta Fidelidade? Para você quais são: 1. as cinco melhores músicas de todos os tempos e 2. as cinco piores músicas de todos os tempos.

APJ - Tenho péssima memória, Sylvie. Fico te devendo essa. Mas a melhor deve ser dos Beatles, ou do Sonic Youth, ou do Clash. E a pior, Carlinhos Brown, Titãs ou Creed.

LB - Qual é a sua aposta pessoal para a música atualmente?

APJ- Não faço idéia. Se o futuro não significar que todas as bandas serão iguais ao Blink-182 e ao Staind, já está bom.

LB - Vc escuta rock nacional atual? Recebe demos e afins?

APJ - Não recebo e não escuto.

LB - O que vc acha do que está acontecendo no Brasil em relação à atividade de bandas 'underground'?

APJ - Pelo que leio, há muita gente se mexendo, principalmente em centros menores, como Goiânia, Londrina etc. Tomara que saia coisa boa daí, e não a milionésima imitação do Weezer.

LB - O que você acha do dito rock gaúcho?

APJ - Eu sempre falo para uns amigos gaúchos: deve haver algo muito errado com um povo cujo grande salto cosmopolita na vida é mudar-se para... São Paulo!

London Burning
Na edição do próximo sábado do London Burning Festival, principal festa dos indies paulistanos, o destaque é o show do gaúcho Wander Wildner, ex-Replicantes. Tocam também o Som Tomé e o Nadacult.

Onde: Orbital (Rua Augusta, 2894)
Tel.: 11 5096 0737
Quando: Sábado, dia 6/10
Ingressos: R$ 8


01/10/2001

Rumo à Islândia

Encontrei Fabio Massari há uns sete meses e ele havia comentado que estava finalizando um livro sobre a cena musical da Islândia. Pensei: se tem alguém que realmente faria isso, esse cara é o Massari.
Dito e Feito.
Rumo à Estação Islândia é um excelente apanhado sobre a evolução musical na ilha, dos anos 60 até os dias atuais, além de compilar informações sobre as bandas que fizeram história no cenário local como Trúbrot, Medusa e Icecross (metal dos bons).
O livro conta com entrevistas valiosas de músicos de diferentes gerações como Sugarcubes e do magnífico Sigur Rós (essa banda é foda!).
Invariavelmente as entrevistas resvalam na principal personalidade local: Bjork - a sombra da cantora (ex-Sugarcubes) ainda cobre toda a ilha, que tem menos do que 300 mil habitantes. Massari conseguiu mostrar esse caleidoscópio musical sem ser óbvio.
Bom saber que muitas preocupações e questionamentos dos músicos de lá são exatamente iguais aos que temos aqui.

YVES PASSARELL É GUITARRISTA DA BANDA VIPER E AUTOR DE TEMPORADA NA ESTRADA (EDITORA GRYPHUS, 1999)

Rumo à Estação Islândia, Fabio Massari, Editora Conrad (www.conradeditora.com.br), 232 páginas, R$ 22,10
Is This It

Sabe aquela história que os Strokes são mesmo tudo isso? É verdade. E sabe aquela outra de que eles são a melhor banda que surgiu nos últimos 20 anos? Pois eles não concordam e dizem que se fosse assim, eles não existiriam. Aliás, o que menos importa é essa babação sobre ser a melhor banda dos últimos 10, 20 ou 100 anos. Eles são incomparavelmente autênticos e originais, mesmo sem trazer nada de novo. Eles não podem ser comparados a nada. Eles são os Strokes. E são simplesmente estupendos.

Is This It é um dos melhores álbuns de debut da história do rock. E os Strokes notadamente não têm a menor noção do quão bons são, ou simplesmente estão ocupados demais tocando e fazendo suas músicas para dar bola ao hype. Eles não têm noção da genialidade das letras e voz rouca do Julian Casablancas, da bateria quase tosca do brasileiro Fab Moretti, das guitarras cruas e distorcidas de Nick Valensi e Albert Hammond Jr. e do baixo reto e linear e básico de Nicolai Fraiture.

Melhores amigos desde o segundo grau, os Strokes aprenderam a tocar juntos e nenhum deles jamais tocou com outra banda, o que talvez explique o fato de as músicas serem deliciosamente construídas como castelos de cartas: se tirar uma notinha do lugar elas desabam.

Os cinco jovenzinhos de Nova York não ficam devendo nada a Velvet Underground, The Fall, The Stooges e todas aquelas bandas maravilhosas que surgiram nos Estados Unidos durante os anos 70. Is This It é um álbum com 11 hits perfeitos e redondinhos. "Trying Your Luck" é de arrepiar os cabelinhos da nuca, "New York City Cops" (que foi cortada da versão americana, pois não é hora de falar sobre os policiais da cidade) é um convite ao pogo e "Last Nite" vai virar - se é que ainda não virou - hino de uma geração.

Se eles vão ser grandes? Se eles são o próximo Nirvana? O próximo Oasis? Não importa. Esqueça o hype, tome uma cerveja e aproveite os Strokes.

CLARAH AVERBUCK É JORNALISTA E ESCRITORA

Is This It - The Strokes (BMG)
Gostoso por Paulo Lima

Se a cada vez que alguém fala que gostaria de sair de São Paulo, uma criança fosse retirada das ruas, em questão de segundos menores abandonados seriam mais raros que as ovas do esturjão albino. Basta se formar uma roda com duas pessoas e a hipótese da mudança para outro local mais habitável vem à baila. Ainda que Nova York, talvez o preferido dos mais abastados na lista dos refúgios ideais, tenha saído momentaneamente do ranking, não há fim para as discussões questionando se vale a pena viver metido no caos urbano. Na manhã de segunda, quando escrevo este artigo por exemplo, há centenas de quilômetros de congestionamentos, enchentes e desabamentos em virtude da chuvarada que despencou sem aviso prévio. Sem falar na violência, que deixou de lado qualquer referencia à lógica.

Mas com tudo isso, por que São Paulo não se esvazia? Por que se vê o mercado imobiliário borbulhando de gente atrás da chance de viver próximo aos Jardins, na Vila Madalena, na Moóca, no Jardim São Bento, em Pinheiros, na Lapa, e até mesmo no velho centrão?

Sou capaz de enumerar algumas respostas. Vejamos a livraria Cultura por exemplo. Entrar em sua loja é obter uma experiência de prazer, que só era possível até pouco tempo nas Barnes & Noble e quetais, espaços que à maioria dos mortais só era dado experimentar em filmes. Além da clássica sede do Conjunto Nacional, a filial do Shopping Villa-Lobos é deliciosa, tem atendimento cordial, luz agradável, estoques fartos e, pasmem, poltronas para que se degustem os volumes em paz celestial, sem bedéis rondando ou limites de tempo.

Há bem pouco tempo isso seria considerado uma loucura por qualquer comerciante preocupado, simplesmente, com o volume do caixa e com a fiscalização de clientes e funcionários. Na mesma linha, a Fnac, mesmo tendo visto a loja de eletrônicos se sobrepor aos livros, que ocupavam 100% do espaço na gestão anterior, continua oferecendo espetáculos de artes de ótima qualidade para quem desejar assistir. Sexta passada, pais filhos, namorados e aposentados esqueciam da carne e viajavam ao sabor do espírito.

Em alfa

Bem perto dali, há uma outra resposta. O Parque Villa-Lobos, alvo de pendengas e dúvidas políticas, e que nasceu de um projeto duvidoso, vai com o passar do tempo ganhando beleza e, acredite, administração inteligente. Com a maratona do Pão de Açúcar, a empresa de supermercados despejou verba e bom senso, que se transformaram em viveiros de plantas, quadras de tênis abertas ao público, sinalização, floreiras e até uma pista rústica para mountain bike, numa áreas até então vetada ao público. A Caloi investiu em publicidade discreta e adequada, reformando e sinalizando a ciclovia. A Nossa Caixa banca painéis publicitários que aparentemente viabilizam a manutenção das quadras de tênis. Milhares de pessoas aproveitavam o domingo passado por lá, ainda com a expressão desconfiada de quem decididamente não está acostumado a ver o poder público fazer algo assim.

Virando o foco radicalmente do lazer barato à cultura mais sofisticada, se é que é possível graduar desta forma simplória formas diversas de manifestações de cultura, o fato é que o Teatro Alfa merece todos os louvores. Esta semana , a ópera Carmen, logo depois da fantástica Pina Bausch. Em outubro Oscar Peterson, só para falar de uma pequena parte da programação da casa, que diga-se, tem estacionamento, banheiros, poltronas, funcionários e acústica excelentes.

Prefere algo que possa fazer em casa, digno do que há de melhor no mundo, mas visto com olhos brasileiros? Compre um exemplar da revista Arc Design. Posso afirmar que ingleses, americanos e italianos tem de tirar seus chapéus encardidos do ranço Uó Paper para admirar essa publicação brasileira sobre arte, design gráfico e arquitetura, de beleza e sofisticação reconfortantes. Entre outras coisas, uma época como essa faz com que prestemos mais atenção ao que vale a pena.


Jornal da Tarde
02/10/2001

segunda-feira, outubro 01, 2001

Para quem quiser comprar os discos da Pelvs, ou outros mais, aqui vai o site da Mid madness Records (acho que é isso)
É pretendia colocar aqui a coluna do Álvaro pereira Júnior, mas ela não saiu essa segunda!
Fica pra próxima!
Amanhã tem Paulo lima, em homenagem ao meu amigo filho, o viajante!
esse textículo, foi para meu amigo Edgar zé ruela!
Sirvam-se:

É Zé ruela,

Eu podia estar em Ouro Preto, assistindo ao "fabuloso" show de gravação do "ao vivo" Skank. Aquele que agrada da vovó ao netinho.
Ou mesmo estar no Ibirapuera para aquele fantástico e inesquecível show a Marisa Monte pela paz!
Falando em paz, que tal então uma apresentação de Gil em plena Bahia? cantando aquela pérola do cancioneiro, como aquele que tem o verso ..." A paz, invadindo meu coração"...ou até mesmo uma daquelas versões para as músicas do Bob marley poderem ser cantadas por todos.

Mas não, Estava em plena São Carlos,e ainda por cima, assistindo um show de um tal de Luna. aquele do cara que tocava no Galaxie 500, sabe?
Nada tão marcante como os citados acima, mas você sabe, é a vida. E ela continua.
Era só um show de rock básico, daqueles que já nos acostumamos a assistir todas as semanas por aqui.
Quem sabe um dia com todo esse intercâmbio, eles gringos consigam aprender a fazer música decente. Tenhamos um pouco de paciência com os caras.

Melhor teria ser ficado em casa. Se é para deixar a vida passar, que seja no conforto e proteção do lar. Como é bom ficar em casa enquanto o mundo gira lá fora. É tão fácil, tudo que se tem a fazer é ignorar todo o resto e ficar lá, de bobeira. Indiferente.

Mas pensando bem, como temos disponível bandas geniais por aqui mesmo, pra se dar o trabalho de pegar o carro e andar 100 km para ver uma banda de NY?
Credo! Que trabalhão!


Sobre o show?
Bom, começamos com o grupo carioca Pelvs.
É uma dessas bandas acabadas. Cantando em Inglês. Perfeitas para tocarem em qualquer lugar do mundo.(Só atrapalhou os agradecimentos: Valeu São Carrrrrrrrlos, maneeeeeeiro!)
Rock básico, melodioso e acompanhado de um trompete.
Muito bacana mesmo! Não a toa que está abrindo para o Luna na maioria dos lugares.
Já valeu os R$ 15,00 do ingresso e a gasosa. Mas ainda teríamos a banda principal.

O luna entrou tocando um rock sem muita frescura e bem tocado.
As músicas que eu tinha escutado eram de estúdio. Ao vivo a coisa pega! Ganham peso e dinamismo. Evidentemente bandas com mulheres no baixo são cool até a medula.
Foi um show bem agradável, sem muita novidade. Tenho que citar aqui nosso amigo APJR: Melhor que qualquer porcaria que tente fazer algo para vender disco daqui.

Outro detalhe interessante: quando cheguei no lugar, os caras da banda estavam ali na calçada, conversando, dando autógrafos e tirando fotos com todos que pediam. E o resto da galera ficava ali na porta, sem tumulto, tomando uma cerva e esperando a abertura da casa.
tenta você,incalto amigo, tentar um dia pegar um ingresso de algum desses gênios do Rock brazuca. Ou mesmo esses monstros sagrados da MPB.
E deixemos claro que esse comportamento é absolutamente normal em qualquer lugar nos países civilizados.

O quê?

Ah! Claro! Tá certo.Esses aí de cima são conhecidos, e o Luna é uma bandinha indie americana. Tá explicado.

Isso aí foi escrito ao som do porra do Daniel cantando(?) no superpositivo, lá na sala....Triste.