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A OlimpÃada e o rock
Ã?LVARO PEREIRA JÃ?NIOR
Quando você estiver lendo esta coluna, a OlimpÃada já terá
acabado. Se muita coisa deu certo, o Brasil, a duras pe- nas,
se segurou entre os 20 paÃses com mais medalhas.
Tantos e tantos atletas brazucas que a gente julgava serem
grandes nomes de nÃvel mundial, capazes de disputar primeiras
colocações, acabaram lá em quadragésimo lugar, desmaiando
durante as provas, vomitando, muitas vezes desistindo antes
do final.
As medalhas, poucas e raras, não refletem em nada a situação
do esporte no paÃs. São casos isolados, de gente que treina
sem patrocÃnio ou apoio oficial. Heróis, anomalias
estatÃsticas.
Muito bem, já gastamos três parágrafos falando dos Jogos
OlÃmpicos e você deve estar se perguntando: aonde esse cara
quer chegar, o que isso tudo tem a ver com rock?
Pois tem muito a ver com o rock brasileiro. Nossas bandas
locais, sejam as de sucesso, sejam aquelas que ainda batalham
no mundo "indie", raramente têm gás para fazer sucesso fora
daqui.
Assim como a grande maioria de nossos atletas olÃmpicos, os
roqueiros do Brasil têm fôlego restrito. E não por causa de
alguma competência inata, vocação genética ao fracasso. O
rock brasileiro tem alcance apenas local por causa de um
único fator: isolamento.
Os grandes shows do circuito mundial não passam por aqui.
Jovem brasileiro não cresce vendo, ao vivo, grandes bandas de
projeção mundial. E pior: equipamentos e instrumentos custam
uma fábula, completamente fora da realidade dos minguados
salários pagos em nosso paÃs.
� a mesma coisa com os atletas. Há poucos torneios
importantes acontecendo por aqui, viajar o mundo custa caro e
acontece raramente. Na hora da OlimpÃada, os adversários
todos se conhecem de outras competições, mas os nossos
brasileiros caem de gaiatos na roubada.
Imagino que nem todas as bandas brasileiras sejam horrÃveis,
assim como vários de nosso atletas tenham grande potencial.
Mas sucesso paroquial não enche a barriga de ninguém.
Então, quando alguém vier com aquele papo de que as bandas do
Brasil estão na vanguarda da música planetária, que chegou a
hora do rock brazuca, que nós estamos revolucionando a música
jovem da Terra, pode ficar de pé atrás. Olhe para o quadro de
medalhas dos Jogos de Atenas. � lá que está a verdade.
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�lvaro Pereira Júnior, 41, é editor-chefe do "Fantástico" em
São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br
CD PLAYER
PLAY - A volta do Helmet
O leitor Carlos Eduardo Igaz avisa que uma das bandas mais
importantes dos anos 90, o violento e cerebral Helmet, está
de volta. Mais informações: www.helmetmusic.com.
PAUSE - Franz Ferdinand em clima de jazz
São dois lados b: "Better in Hoboken" e "Forty Feet", em que
a banda vem intimista, quase acústica, "jazzy". Bacana, mas
FF é melhor do jeito que é de verdade: animado.
EJECT - Crise do Trail of Dead
Fechou o tempo para uma das bandas prediletas de "Escuta
Aqui", a violenta e desmiolada ...And You'll Know Us by the
Trail of Dead. O baixista caiu fora. Calma, rapazes!
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Acabe com aquelas janelinhas que pulam na sua tela.
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segunda-feira, agosto 30, 2004
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