segunda-feira, dezembro 03, 2001
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Arte e vida, rock and roll e cinema
Às vezes, a arte se parece com a própria arte, às vezes, se parece com a vida.
No rock, essa arte "artística" é representada por bandas como Pixies, Built to Spill, Guided By Voices e centenas de outras. Lembro de uma entrevista de Robert Pollard, do Guided By Voices, em que ele dizia que talvez existisse alguém que entendesse tanto de história do rock quanto ele. Que entendesse mais, sem chance.
Já o rock vital, trilha sonora das ruas, é o departamento de Neil Young, Iggy Pop e poucos mais. Referente em quase nada, sua arte nasce de si mesma.
Embarquei nessa viagem arte versus vida depois de assistir ao último filme do romancista-roteirista-produtor-ator-diretor David Mamet, uma pequena obra-prima chamada "Heist" ("Assalto"), com Gene Hackman e Danny DeVito.
Hackman é um velho assaltante que quer parar. Mas, claro, aceita fazer um último serviço. DeVito interpreta o mafioso que o contratou. Nenhuma linha do que eles dizem parece ter sido previamente escrita. Diálogos e técnicas de filmagem são de um realismo brutal. O clímax, um tiroteio em um porto, arranca aplausos do público. Em um gesto final de desprezo pela espécie humana, um dos assassinos, contemplando o homem que acabou de matar, aplica um pontapé no cadáver, jogando o corpo sem vida ao oceano. É puro Sam Peckinpah.
Se Neil Young ou Iggy Pop fossem cineastas, fariam filmes como "Heist".
Mas quem seria o equivalente, no cinema, ao "college rock" de Pixies e similares? Os jovens cineastas Steven Soderberg ("Traffic") e Darren Aronofsky ("Réquiem para um Sonho"). Ambos na casa dos 30 anos (SS, 38; DA, 32), são, mais do que diretores, "nerds" de cinema.
A câmera nervosa de "Traffic" e a edição estilosa de "Réquiem para um Sonho" são artifícios técnicos de que só viciados em celulóide poderiam lançar mão.
Já "Heist" nem parece ter sido filmado. É como se, por algum dispositivo sobrenatural, a vida como ela é fosse repentinamente transferida para a película.
Claro que essa oposição entre vida e arte, se é que ela existe, não implica um conflito do tipo "o bom contra o ruim". Pixies e Guided By Voices não são melhores nem piores do que Neil Young e Iggy Pop. Assim como as qualidades de "Heist" não apagam o brilho de virtuosos da direção como Soderbergh e Aronofsky.
A crítica não se animou muito com "Heist", um filme talvez honesto demais para os EUA pós 11 de setembro. Para mim, é um dos três melhores filmes dos últimos dois anos, junto com "História Real", de David Lynch, e "A Promessa", de Sean Penn.
Nesse mesmo período, o rock and roll não produziu nada tão visceral. O rock anda distante da vida.
GRINGAS
Negros, gays e transexuais
Como San Francisco é uma cidade que se esforça para manter o próprio folclore libertário, rolou na semana passada o Primeiro Festival de Cinema Negro de Gays, Lésbicas e Transexuais. O que exatamente isso quer dizer, não sei, mas sei que tinha um filme do Brasil.
Revista nota dez 1
Atenção, chamando todos os carros! Fique ligado na revista "The Thresher" (www.thethresher.com), feita pelos mesmos visionários responsáveis por várias publicações que marcaram época, como a "Mondo 2000" (ótima, de vida curta) e "Nose" (demolidora) .
Revista nota dez 2
Sorte ou profecia, o fato é que a primeira edição da "Thresher", finalizada em agosto, trazia como destaque artigos sobre bioterrorismo e segurança nos EUA. Vários dos textos estão disponíveis na internet, de graça, então capriche no inglês e mãos à obra!
Coisa feia nos EUA
Para os padrões americanos de prosperidade, a situação atual da economia é de penúria total. Sabe aqueles livros legais de turismo para jovens, a série "Lonely Planet"? Pois até essa sólida editora está pensando em fechar seu escritório nos EUA. Ninguém tem mais coragem de viajar.
GRINGAS
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Revista nota dez 2
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Coisa feia nos EUA
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