quinta-feira, setembro 29, 2005
Estou meio sem tempo/saco para escrever. Para não deixar em branco aí segue o que ví nestes 2 dias:
Dia 1: Weezer! Show "completo". Bem diferente daquele ao qual assistimos no Coachella em maio deste ano. Teve a duração de aprox. 1 hora e 40 minutos. Verdadeiro desfiles de hits lançados um após o outro.
Por parte da banda vimos muito gás no show todo, cover dos Foo Fighters, um garoto da platéia tocando em "Undone", Rivers Cuomo fazendo Bis acústico na mezanino.
A galera estava alucinada na pista, voce dia aquela movimentação em "bloco", parecendo uma onda indo e vindo. Visto do mezanino a situação era até certo ponto assustadora. Histería coletiva.
Fui dormir por volta de 4:30 da matina. No dia seguinte teria mais.....
Dia 2: Raveonettes: Gostei muito. Bases pré-gravadas, e uma mistura do som Jesus & Mary Chains com uma pitada de anos 70.
Agora show mesmo é a vocalista/guitarista da banda Sharin Foo!!! Que loiraça!!!
Mercury Rev: Não sou muito fã de música progressiva, mas esses caras criam climas que me remetem direto ao senhor dos anéis. O telão com imagens e frases te remetem a outro lugar que não o palco. Viagem pura!
Não há show de virtuosismo e a galera se esforça em emular o som orquestrado dos discos. O mais figura é o vocalista que "rege" a banda e faz gestos esquisitos durante toda a apresentação.
Muito bonito. Fiquei fã, apesar de achar o show muito mais bacana que os discos.....
Veremos agora nossa proxíma parada. Talvez o Claro que é rock....
Seguem fotos dos shows!!!
sábado, setembro 17, 2005
Três da matina!
Crásse A o show do Moby!
Só de cover Teve Radiohead (Creep),Sepultura (Roots), Doors, música clássica (aquela do gás, lembra?).
Muitas do Play e do 18!
O mais interessante é ver as músicas emuladas com banda. Sem tanta base pré gravada. Soa bem mais pesado. Rock n Roll se me permite dizer.
Quase duas horas cobrindo o repertório dos últimos três discos, mas com ênfase no multi-platinado Play.
A galera que compareceu é a mesma que frequenta os Tim Festivals da vida. Para ver e ser visto. Bem diferente de qualquer coisa vista na gringa. Coisas de Brsil. Assim como o ingresso. Ningúém dava a mínima para a checagem o desconto de estudante. É assim que é! foi quem queria ir. O resto foi dormir....E tem gente que ficou dormindo em Valinhos!
Mas valeu!
Isso é só o começo da maratona! Próxima semana o destino é Curitiba. Rever os shows que passaram pelo Coachella e ver pela primeira vez o Lobão! Ainda mais nessa fase underground! Massa!
That´s all folks!
See you later!!!!
quarta-feira, setembro 14, 2005
feelings
Cara que sensacao phoda e essa?
Em primeiro lugar, sem contacoes sexuais por favor!
Ok! Agora sim!
Lembrei que escrevendo um e-mail eu podia disfarcar um pouco e ao mesmo
tempo tentar colocar um pouco do que estou sentindo agora. Dentro deste
escritorio cheio de gente maluca, pirada.
Meu amigo eu nao tenho mais o que fazer. Sabe quando so sobram aquelas
tarefas bem chatas e idiotas? Pois e, acho que ate essas eu ja fiz. Ou
melhor, eu so faco coisas chatas e idiotas.
Estou aqui sentando na frente deste lap top pensando na vida e essa
situacao non sense que eu vivo. Da aquela classica vontade de levantar e
sair andando sem rumo.
Nao entendeu nada? Eu tambem nao! Nao sei o que fazer da vida. Acho que
nunca saberei. So sei das coisas boas que gosto de fazer. Dos lugares que
gosto de ir. Com as pessoas bacanas com quem gosto de falar.
Aqui nada tem muito sentido (a nao ser a grana no final do mes). Qual a
graca disso tudo? Esta agregando algo de bom?
quarta-feira, julho 20, 2005
Foi mesmo típico assistir a volta por cima do Luizão, encontrando novamente
o prazer de jogar bola depois de tudo. De toda a recuperação e superação. De
ter encontrado um clube que tenha estrutura para devolver o atleta aos
gramados . Típico ver o cara enxugar as lágrimas no manto sagrado,
ovacionado por mais de setenta mil pessoas.
Típico assistir o Amoroso jogando o fino da bola com suas jogadas geniais.
Típico ver a raça do Fabão superando todas adversidades. Só não maior que a
raça de nosso xerife Diego Lugano: "Não me sinto Brasileiro ainda. Mas posso
dizer que eu já sou São Paulino". Não há raça maior que um time sem estrelas
onde jogadores como Mineiro e Josué, com muita humildade e respeito
conferiram um equilíbrio ao time poucas vezes visto. Estrelas não fazem
falta onde tais elementos estão presentes.
Foi típico ver nossa dupla de laterais atuando. Júnior correndo como criança
jogando no campo todo e deixando os marcadores desnorteados. E o que falar
de Cicinho, jogador que cresceu demais nos últimos meses, a ponto de
praticamente assegurar seu lugar no grupo que certamente irá à copa do
mundo, depois de apresentações espetaculares nos gramados Alemães.
Típica foi a raça e determinação de todos: Alex, Danilo, Tardelli, Marco
Antonio, do grande Grafite, que jogou machucado defendendo as cores
tricolores mesmo correndo o risco de não poder ser apresentar à seleção. E o
que falar de Souza, fundamental nas duas vitórias contra o River Plate.
Vitória da raça e da técnica de um jogador que, se irregular em suas
apresentações, na semi-inal mostrou muito futebol e se tornou talismã do
técnico tricolor.
Foi típico a trabalho realizado pelo Cuca, trazendo a base do time que temos
hoje. Foi típico ver o Leão dando um padrão tático e uma postura vencedora
ao grupo. E finalmente foi típico ter o privilégio de conferir o trabalho
que Paulo Autuori deixou impresso no grupo, aprendendo com o grupo e também
transmitindo uma nova postura de comando.
Foi típico ver a torcida lotando o Moruntri desde o ano passado. Acreditando
com fé que era possível repetir as conquistas do passado. E a partir da
crença da torcida, observar que o time inteiro se fechou em um só objetivo:
Ser campeão das Américas novamente! Foi típico escutar setenta mil vozes
fazendo ecoar o nome do grande mestre Telê Santana, iniciador de toda a
paixão do clube da fé pelos torneios internacionais.
E finalmete foi típico ver coroado todo a trabalho do nosso capitão Rogério
Ceni. São doze anos trabalhando para que esse dia chegasse. E ele chegou.
Estão todos gravados na história. São Paulo Futebol Clube. O único clube
Brasileiro três vezes Campeão da Liertadores. Rumo a Tóquio!
Indescritível de acompanhar no estádio toda a trajetória do Campeão. E ter o
privilégio de assistir no Campo pela terceira vez a final, sendo esta última
uma lição de futebol do começo ao fim.
Realmente foi típico.
Saudações Tricolores.
Guilherme Tosi é São Paulino em tempo integral e engenheiro nas horas vagas.
segunda-feira, maio 23, 2005
apjr
Escuta aqui
Alternativo ou mainstream?
Com o pedido de concordata da Tower Records, uma das maiores cadeias de
lojas de musica do mundo, sobraram, basicamente, HMV e Virgin como grandes
nomes do varejo de CDs, presentes em varios paises, com lojas imensas e
estoques completos.
So que, para os radicais da musica independente, essas cadeias sao sinonimo
de desprezo pelas pequenas gravadoras, de homogeneizacao do gosto
planetario. De falta de personalidade e de escrupulos, tambem. Mas sera
que, de um ponto de vista estritamente musical, as coisas sao tao simples
assim?
Na entrada de uma imensa filial da Virgin em Chicago (EUA), fica a
prateleira dos recomendados pela loja. Virgin, cadeia careta, e voce logo
imagina que os recomendados serao coisas do naipe de Sting, Phil Collins e
outras aberracoes.
Mas nao. Olha so alguns indicados pela Virgin: Kaiser Chiefs, Bloc Party,
LCD Soundsystem, Bravery, Kills, Kasabian... Ou seja, nada muito diferente
do que, provavelmente, sao os recomendados das descoladas Amoeba, da
California, ou das da Galeria do Rock, em SP.
Se voce quer continuar odiando o megacapitalista Richard Branson, dono do
imperio Virgin, e bom encontrar razoes extra-musicais. O cara pode ser um
oportunista, mas, musicalmente falando, esta mandando bem.
*
Para complicar mais, o critico Andy Langer, da "Esquire", se diz cansado de
bandas novas baseadas no The Cure (Bloc Party, alguem?) e resolveu
recomendar artistas fora do radar. Um deles e a cantora colombiana Andrea
Echeverri (do grupo Aterciopelados), que esta em um CD de divulgacao da
Virgin, junto com Kaiser Chiefs, Bloc Party, Bravery e varias outras bandas
do tipo que o Andy Langer diz que nao aguenta mais...
*
Mais uma paulada nas divisoes entre alternativo e mainstream. A cantora
norueguesa Annie e, no pais dela, um misto de Madonna com Britney Spears.
Pop, pop, pop, pop. So que, entre a galera indie de lingua inglesa, Annie e
figura cult. Ate ha pouco sem lancamento oficial nos EUA, suas cancoes eram
baixadas na internet.
Neste mes, Annie foi oficialmente lancada nos EUA. Para qual publico, indie
ou mainstream, nao se sabe. O album se chama "Anniemal".
*
Ainda Bloc Party, se alguem ouvir uma musica ruim desses caras, me avise,
por favor.
*
PLAY - "Everyday I Love You Less and Less", Kaiser Chiefs
Para "Escuta Aqui", a melhor cancao dessa novissima banda londrina. Como se
fosse The Clash, Devo e Dead Kennedys redivivos, em um so pacote.
PAUSE - "With Teeth", Nine Inch Nails
Parece que Trent Reznor, do NIN, passou os ultimos seis anos em estado de
animacao suspensa. Em "With Teeth", os abrasivos anos 90 ainda nao
acabaram.
EJECT - "Leoni ao Vivo", DVD
Ninguem merece.
segunda-feira, abril 04, 2005
apjr
ESCUTA AQUI
William Faulkner e pauleira
ALVARO PEREIRA JUNIOR
Voce veria futuro para alguem com as seguintes caracteristicas: na familia,
ninguem o via como especialmente inteligente; na escola, fez so ate o
segundo ano do ensino medio; gracas a um programa especial para
ex-militares, cursou alguns meses de faculdade, mas tirou notas mediocres;
nao tinha nenhum amigo intelectual -na verdade, tinha poucos amigos
plenamente alfabetizados.
Sabe quem e o dono do curriculo? Ninguem menos que o americano William
Faulkner, Nobel em 1949, o inovador mais radical da literatura dos EUA no
seculo 20.
Esses detalhes da vida de Faulkner estao em um lindo artigo do escritor
sul-africano J. M. Coetzee (Nobel em 2003) no semanario "The New York
Review of Books". Quem me indicou o texto foi o chapa Cassiano Elek
Machado, da Ilustrada (ao contrario do Faulkner, eu tenho amigos
intelectuais!).
Para Coetzee, Faulkner nao precisava de educacao formal, porque era um
leitor obstinado, conhecedor de poesia inglesa, de Shakespeare e tambem da
ficcao de Balzac, Dickens e Conrad, do Velho Testamento e de seus
contemporaneos T.S. Eliot e James Joyce. Para o tipo de escritor que
Faulkner pretendia ser, aponta Coetzee, isso era o bastante.
Enquanto lia o artigo, me lembrei de uma "Escuta Aqui" de semanas atras,
sobre imitadores brasileiros de outro escritor americano, Hunter S.
Thompson, que se suicidou ha algumas semanas. A coluna era sobre a baixa
qualidade literaria dos clones brazucas, cujo trabalho da a mais nitida
impressao de que nunca leram nada, nem do proprio Hunter, justamente o cara
que pretendem copiar.
A biografia de Faulkner tem muito a ver, tambem, com a de Albert Einstein,
uma mente poderosa que nunca brilhou no universo escolar (era um aluno mais
ou menos, pessimo em humanas, de familia sem tradicao intelectual etc.).
Ninguem diria que o menino de inteligencia aparentemente mediana se
tornaria o nome mais importante da ciencia no seculo 20.
Nao tenha pressa para conhecer a obra de William Faulkner. Va amadurecendo
seu gosto aos poucos, porque Faulkner e pauleira.
Da saltos de tempo, troca de narrador sem avisar, da o mesmo nome a
personagens diferentes, reproduz a linguagem falada de brancos e negros do
Sul racista dos EUA sem a menor consideracao pelo leitor.
Meu livro preferido dele e "The Sound and the Fury" ("O Som e a Furia"). Um
dia, tambem sera o seu.
CD PLAYER
PLAY - "Lullabies to Paralize", Queens of the Stone Age
Sobrou so o Josh Homme, e basta. Ele domina um heavy metal nervoso, aflito,
cantando quase sempre em falsete.
PLAY - "Employment", Kaiser Chiefs
Essa novissima inglesa conseguiu o que os Libertines so tentaram: imitar o
Clash direitinho.
EJECT - Bandas gauchas reunidas em show acustico
Nem o diretor Wes Craven e o escritor Stephen King juntos atingiriam esse
nivel de horror.
@- cby2k@uol.com.br
segunda-feira, março 28, 2005
apjr
Escuta aqui
Alvaro Pereira Junior
Revolucao no ar
O radio esta ficando mais inteligente nos EUA. Tomara que a onda chegue
logo ao Brasil.
A ressurreicao do radio independente foi saudada pela sempre atenta revista
americana "Wired", em sua edicao de marco.
O simbolo disso tudo? O tiozinho Steve Jones, ex-guitarrista dos Sex
Pistols, hoje DJ nas tardes da Indie 103.1 (www.indie1031.fm
"Escuta Aqui".
Voce sabe do Steve Jones e da Indie 103 ha muito tempo, porque ouvi a radio
logo que comecou a funcionar. Mas o grande publico americano so agora toma
conhecimento do fenomeno que a Indie 103 virou. E uma uma radio comercial,
mas de olhos abertos para novidades inteligentes e musica antiga boa.
Comecam a surgir clones da Indie 103 por todos os Estados Unidos. Anote
outros nomes de radios que vao na mesma linha, e faca a festa na internet:
www.1077theend.com
ego.com
So as duas primeiras transmitem ao vivo na internet, mas vale ver os sites
das outras tambem, porque sao bastante informativos, trazem playlists e, no
caso da radio de Denver, ate uma declaracao de principios para libertar o
radio das amarras das grandes redes!
Alem dessa revolucao de conteudo, o radio dos gringos passa por outra
reviravolta, a da tecnologia. Primeiro, por causa do radio por satelite,
que em janeiro ja tinha mais de 4 milhoes de assinantes. Segundo, por causa
do radio digital, que vai ter para o radio o mesmo impacto que a TV de alta
definicao esta tem na TV.
Para mais detalhes: www.wired.com/wired/archive/13.03/radio
Ando intrigado com o som da dupla francesa M83 (www.ilovem83.com). O som
nao e de dupla -e de banda, e como se tivesse duas guitarras!
Para complicar, a musica e fora de moda. Parece aquelas bandas de guitarras
do comeco dos anos 90 (Lush, Ride), acompanhadas de uma orquestra furiosa.
Li uma critica do ultimo disco deles que traz uma definicao inteligente, no
som do M83, as guitarras sao processadas para parecer sintetizadores. E os
sintetizadores sao usados como guitarras.
CD player
PLAY - Bloc Party ao vivo
Nao, a sensacao do rock ingles nunca tocou no Brasil. E eu nao vi os caras
em um show gringo. Bloc Party ao vivo, em audio e video, esta aqui:
www.kcrw.org/show/mb
PAUSE - "Before the Dawn Heals Us", M83
Intrigante, porem irregular, o album do M83 traz duas faixas muito boas:
"Teenage Angst" e "Don't Save Us from the Flames".
EJECT - A volta do Cream
Tres musicos sensacionais -Ginger Baker, Jack Bruce e Eric Clapton-
formaram o Cream nos anos 60 e inventaram o jazz rock. E pecado para o
resto da vida, nao deveriam voltar.
segunda-feira, março 21, 2005
apjr
ESCUTA AQUI
So os Smiths salvam o mundo
ALVARO PEREIRA JUNIOR
Quase 30 anos, emprego tranquilo, apartamento OK em Nova York, muitas
drogas, algumas mulheres... e ne-?0 nhum objetivo na vida. O que fazer
diante desse quadro inerte? Tentar reunir os Smiths, e claro! Se nao
estiver claro para voce, leia ate o final.
O paragrafo acima resume o romance "How Soon is Never", do americano Marc
Spitz, reporter da revista "Spin". Joe Green, o protagonista dessa historia
fortemente autobiografica, trabalha como reporter de uma revista de musica
em Nova York (o que me faz lembrar o comentario de um amigo: "Quando um
escritor nao tem imaginacao, escreve sobre a propria vida").
Green se sente culpado por ter um emprego facil, por beber e tomar drogas
como alguem dez anos mais novo, por ser um classe media sem graca dos
suburbios de Manhattan, por pegar meninas mal saidas da adolescencia, por
nunca ligar para a mae, por trabalhar numa revista feita por tiozinhos que
botam na capa bandas que eles odeiam, mas que "dao certo com a molecada".
Cansado de vagar pela vida, Joe se associa a secretaria do editor da
revista para uma reportagem dos sonhos, perseguir cada um dos quatro
componentes dos Smiths, sondando-os para uma reuniao da banda.
"How Soon is Never" (se voce entendeu o titulo, ja e um otimo sinal) surge
no vacuo, e obvio, da literatura pop representada por Nick Hornby ("Alta
Fidelidade") e seus 500 mil clones. Assim como no livro de Hornby, as
citacoes pop de "How Soon is Never" sao tantas que parecem transbordar da
pagina.
Marc Spitz, no entanto, e um escritor menor que Hornby, e seu romance tem
"vibe" muito mais de grande reportagem do que de uma obra literaria.
Ainda assim, recomendo vivamente "How Soon is Never". A trajetoria da
musica jovem, do punk ate os dias atuais, esta muito bem descrita. E alguns
trechos (quase escrevi "cenas") sao de morrer de rir, como aquele em que
Joe encontra uma mocinha maravilhosa em um hotel de luxo, diz que se chama
Ian Curtis, lider de uma "nova" banda, Joy Divison, e com esse cao consegue
levar a princesa para o quarto.
De uma olhada em www.marcspitz.com
"vibe" e encomende "How Soon is Never" na sua importadora preferida. Nao e
Nick Hornby, mas e legal assim mesmo.
CD PLAYER
PLAY - "It's Gonna Be a Long Night", Ween
Sempre detestei a dupla engracadinha Ween, mas essa musica, tirando onda
com o Motorhead, e demais (sim, e de 2003, mas eu nao conhecia).
PAUSE - "Dangerous Dreams", Moving Units
Album de punk funk desse grupo de Los Angeles. Em Nova York, 500 outras
bandas fazem igual. Em 2084, essa moda chegara ao Brasil.
EJECT - "Strangers", Ed Harcourt
Mais um songwriter sensivel. O album e um pesadelo que mistura Coldplay com
Burt Bacharach (pobre Burt).
@ - cby2k@uol.com.br
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
apjr
A quase morte da eletronica
ALVARO PEREIRA JUNIOR
Comeco dos anos 90. Uma tempestade quimico-musical vinda da Inglaterra
desaba sobre o planeta. Mesmo no Brasil, seus efeitos sao sentidos. Nome da
borrasca: musica eletronica.
O som dos computadores virou sinonimo de futuro. DJs e produtores passaram
a ser tratados nao so como artistas, mas como visionarios. Tudo apontava
para um caminho definitivo de dominacao mundial.
Quinze anos depois, no entanto, tudo mudou. Estilhacada em dezenas de
generos e subgeneros, a musica eletronica transformou-se em cultura de
nichos, cada um deles com "parametros esteticos estreitos", como descreveu
o sempre genial critico ingles Simon Reynolds em um artigo recente para o
"New York Times". Cultura de nicho nao combina com sucesso planetario.
O texto preciso de Reynolds refere-se principalmente ao mercado de musica
que conta de verdade -ou seja, o dos EUA. Ele aponta que as raves
praticamente nao existem mais por la. Nem no sul da California, onde eram
muito fortes ate o final do seculo 20.
Simon Reynolds separa musica eletronica "mainstream" (Chemical Brothers,
Daft Punk, Prodigy) daquela "underground" (DJs europeus de tecno,
basicamente). E conclui que as coisas andam ruins dos dois lados.
O ultimo album do Prodigy foi um fracasso. Os trabalhos mais recentes de
Chemical Brothers e Daft Punk, ainda que bons, foram recebidos com
indiferenca. No mundo "underground", nos anos 90, um vinil de sucesso
vendia ate 50 mil copias. Hoje, nao chega a mil.
Para Simon Reynolds, "a musica [eletronica] se tornou familiar, e a
familiaridade criou o tedio".
Ele cita alguns artistas novos que inverteram a logica da musica
eletronica, que nos anos 90 parecia apontar sempre para o futuro e o
infinito. Agora, recicla-se ate o rock gotico dos anos 80, como vem fazendo
o produtor finlandes Kiki, com vocais copiados dos goticos Sisters of
Mercy.
Reynolds e autor do livro "Generation Ecstasy", guia definitivo dos sons
eletronicos. Esta longe, portanto, de ser um inimigo do genero. No texto,
apesar do tom de critica, ele deixa uma fresta para a esperanca. Diz Fatboy
Slim: "Estamos so esperando pela proxima grande coisa na musica dance.
Estamos numa entressafra de grandes coisas, e ninguem sabe como a proxima
vai ser."
PLAYER
A quase morte da eletronica
PLAY - "Yeah", LCD Soundsystem
Simon Reynolds gosta, "Escuta Aqui" vai na onda! A letra diz so "yeah". Com
um som de baixo poderoso, quem precisa de palavras?
PLAY - "88 AKA Come Down On Me", Lemon Jelly
O Nine Inch Nails vem ai de disco novo, mas nem precisava. A dupla Lemon
Jelly ja faz o som que o NIN devia estar fazendo em 2005.
PLAY - www.bbc.co.uk/ music/profiles/
Escutou um som, anotou o nome do artista, mas nao faz a menor ideia de quem
seja? A resposta esta aqui, em todos os generos.
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
apjr-Carnaval
Hoje é Carnaval!
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Se você está lendo esta coluna, então já perdeu pontos comigo.
É segunda-feira de Carnaval, corra para a rua, para a praia, para o salão, fique na porta de casa esperando algum maluco passar, esqueça o rock inglês, as bandas novas de Montreal, mande o Morrissey chorar as pitangas lá no gelo de Manchester, tranque bem trancados aqueles CDs de grupos indie melancólicos que emocionam você nos outros 360 dias do ano.
Hoje é Carnaval!
Viver no Brasil tem um preço -que é alto, a gente sabe. Mas é a hora do "payback", sábado, domingo, segunda e terça (e alguns outros dias a mais, dependendo da região do Brasil onde você vive), dias em que este nosso país maluco, magicamente, no ritmo ondulado do samba carioca ou no das acrobacias de rua do frevo de Recife, faz sentido.
Góticos, pulem, não tem problema, desta vez vocês podem ser felizes. "Indies", tirem a gosma do cabelinho, botem uma peruca de Elke Maravilha e saiam jogando água nos outros -está liberado. Metaleiros, vocês que gostam de pancada, viajem nas batidas daquele treme-Terra arrasador que abala a avenida. Rapaziada da cena "emo", vocês que são sensíveis, entreguem o coração ao menino ou menina esperto(a) que sabe de cor todas as letras do Chiclete com Banana.
No Carnaval, é zero o teor de hipocrisia para quem, durante esses dias, não precisa fingir, como no restante do ano, que no Brasil se respeitam leis e regras. Vale tudo: Sandra de Sá, Tim Maia, trio elétrico, branquelos que não sabem batucar, quermesse na praça, pirâmides de latinhas na porta da casa alugada na praia, acordar no meio da tarde, enlouquecer no mela-mela, dormir em São Paulo e acordar em Aracati (CE).
Os pecados carnavalescos têm um "deadline" implacável, a Quarta-Feira de Cinzas (de novo, dependendo da região). A vantagem é que a alegria acaba, mas o perdão pode ser eterno -ou durar, pelo menos, até o próximo Carnaval.
Uma vez, um velho professor deu uma lição de filosofia de rua a um amigo que não posso reproduzir aqui, nas páginas deste suplemento tão família. A lição não tinha exatamente a ver com o Carnaval, mas, adaptando, ficaria mais ou menos assim: "Filho, sempre que um Carnaval passar na sua frente, te chamando, pegue. Pegue mesmo, porque um dia você pode ser velho e caído como eu".
PLAY - Foliões de rua
Por todas as razões expostas ao lado, "Escuta Aqui" dá a maior força a quem se concentra, com força total e empenho absoluto, em aproveitar o Carnaval 1.000%.
PAUSE - Foliões de TV
Tudo bem, faltou grana para viajar, não deu para colar ao vivo na folia. Mas, pelo menos, não vá fingir que não é Carnaval! Uma tevezinha ajuda a esquecer a frustração.
EJECT - Não-foliões
Repertório "indie" para abafar o samba? Metal na cabeça nos dias em que Momo é rei? Festa gótica em plena folia? Vá morar em Seattle, então, para ficar no clima!
@ - cby2k@uol.com.br
terça-feira, janeiro 11, 2005
apjr
Tsunami causa danos ao rock
ALVARO PEREIRA JUNIOR
O maremoto que devastou o sul da Asia e parte da Africa vai ter um efeito
imediato sobre a musica pop: durante muito tempo, ninguem vai ter coragem
de usar a palavra "tsunami" com alguma pretensao poetica.
"Tsunami", como a essas alturas ate os postes sabem, e palavra japonesa,
adotada tambem em outros idiomas, que modernamente significa "onda
gigante". Existe uma banda chamada Tsunami (de noise pop), outra de nome
Tsunami Bombs (punk). Ha ate um grupo de hip hop intitulado Tsunami
Brothers.
A palavra "tsunami" tambem aparece em diversas letras e titulos de cancoes,
a mais conhecida delas "Tsunami", dos Manic Street Preachers. Diz a letra:
"Tsunami tsunami/ came washing over me". Da para traduzir mais ou menos
como: "Tsunami tsunami/ chegou para me encharcar" (desculpe, e horrivel, eu
sei, mas nao consegui pensar em nada melhor...).
Uma busca no site das lojas de musica Tower (towerrecords.com) revela nada
menos que 88 faixas com "tsunami" no titulo. A imagem poetica e sempre de
algo arrebatador e fora de controle. Uma paixao, uma vontade. Mas nada que
lembre a morte e o desconsolo que hoje cobrem o planeta.
Pelo menos uma boa noticia nesse inicio de 2005: o lancamento de um album
maravilhoso, "Secret Migration", da banda americana Mercury Rev. Eles
andavam em silencio ha anos, mas a espera sempre compensa. Continuam
adeptos de uma beleza sinfonica que os deixa em terreno solitario na musica
atual. "Secret Migration" sai oficialmente, la fora, no proximo dia 25. Mas
as faixas ja circulam na web, e o site da banda (www.mercuryrev.com
exemplo, o video da nova cancao "In a Funny Way", em que animais de pequeno
porte aparecem tocando violino, guitarra e bateria, enquanto os Revs so
observam o belo espetaculo natural.
Sabe o Arcade Fire, a banda sensacao que vem do Canada? Anote na agenda: no
proximo dia 17, eles vao se apresentar no "Morning Becomes Eclectic", da
radio californiana KCRW. As informacoes estao em
Como ja contei outras vezes, o site desse programa e otimo, com um arquivo
espetacular. Entre outras maravilhas, da para escutar "de gratis" o
especial de melhores de 2004, basicamente com apresentacoes exclusivas de
bandas na radio. Em outro ponto do arquivo, tem ate o Neil Young dando uma
de DJ! Show.
E, falando no programa de melhores de 2004 do "Morning Becomes Eclectic",
um dos grupos destacados se chama... Brazilian Girls! Alguem ja ouviu
falar?
PLAY - "Secret Migration", Mercury Rev
Nao sossegue enquanto nao escutar essa nova gema dos Revs, um banda que nao
tem vergonha de fazer cancoes que sao, simplesmente, bonitas.
PLAY - "Selfless Self", Eastern Lane
Faixa tres de um single de uma nova banda inglesa. Minha expectativa era
zero, mas o som e bacana: moleques que fazem rock pastoral.
PLAY - "Astronaut", Luna
Velhos militantes indie de Nova York ressuscitam em forma total.
"Astronaut" e a faixa cinco. A banda diz que esse e seu ultimo album.
Tomara que nao.
E-mail: cby2k@uol.com.br
segunda-feira, janeiro 03, 2005
apjr
O que na Califórnia
Ã?LVARO PEREIRA JÃ?NIOR
Naquela de fazer listas dos melhores de 2004, deixei passar algumas coisas legais que vi em Los Angeles, no mês passado. Mas ainda dá tempo de tirar o atraso. Vamos nessa.
Não sei se o iPod tem um único inventor, mas, se tiver, é o maior gênio desde Isaac Newton (1642-1727). Muito mais do que um bem de consumo ou um simples "gadget" eletrônico, o iPod é um fenômeno social. Em LA (e, imagino, em outras grandes cidades dos EUA), simplesmente todo mundo tem e usa, do tiozinho executivo fazendo escala no aeroporto ao skatista tatuado de Venice Beach.
E não é por status, como no Brasil (onde os modelos mais baratos custam o equivalente a seis salários mÃnimos), mas só porque é simples, prático e acessÃvel.
O iPod, para quem aterrissou há pouco de Alfa Centauri, é o tocador de música da Apple. Pequeno, leve, tem capacidade de armazenamento de um computador de mesa. Pegou.
Uma rádio bacana de LA, da qual quase nunca falo, é a KCRW, que tem o grande programa "Morning Becomes Eclectic". Todos os músicos e bandas que passam pela cidade dão um pulo lá e fazem apresentações ao vivo, exclusivas. O legal é que os caras têm um arquivo gigante na internet. Algumas atrações recentes: Moby, Dears, Trashcan Sinatras, Jon Spencer Blues Explosion etc. Vai nessa que é beleza, material valioso e grátis: http://kcrw.com/show/mb.
Muito esquisito o lançamento da caixa do Nirvana, que reúne material maravilhoso e inédito. Achei que só ia se falar nisso na Califórnia. Mas que nada. Na superloja Amoeba, por exemplo, a caixa estava lá no canto do Nirvana, sem nenhum grande pôster ou destaque especial. Depois passei na Virgin Megastore, a mesma coisa. Na Tower Records do Sunset Strip, também.
Deu tanto trabalho para fazer o projeto acontecer e, agora, eles botam na rua meio assim, sem aquele supergás? Vai entender...
Quem está com tudo mesmo em LA é o tiozinho Brian Wilson, que enrolou 37 anos (!!) para lançar o álbum "Smile".
Cartazes e pôsteres em todos os cantos, presença certa nas listas de melhores do ano etc. Wilson, 62, é local de LA.
Dos novos nomes da cena angelena, um dos mais falados é Helen Stellar, que, apesar do nome, é um trio de homens, não uma moça em carreira solo. Originalmente de Chicago, mas bombando na cena indie de LA, Helen Stellar é o My Bloody Valentine do século 21. Sério.
E-mail:
cby2k@uol.com.br
PLAY - "I'm Naut What I Seem", Helen Stellar
Vai ser dureza encontrar esse EP no Brasil, mas o site dos caras tem bastante coisa pra ouvir: www.helenstellar.com. Escute as amostras e corra atrás!
PLAY - "Blind My Mind", Flunk
Ouvi essa linda canção numa rádio on-line. A cantora do Flunk, banda norueguesa, se chama Anja. Isso explica muita coisa. Escute lá: www.kriztal.com/catalog/enlarge.asp?id=39.
EJECT - Conversa com Moby na KCRW
"Moby, por que você escolheu essa cantora para o seu disco?". "Ela mora perto de casa." "Por que você gravou no estúdio Electric Ladyland?". "Porque é perto de casa."