É PODRE MESMO
O Banco Central decidiu aceitar as chamadas moedas podres (títulos públicos que são negociados com deságio no mercado em razão do risco de calote) nas próximas privatizações de bancos estaduais. Até 90% do preço poderá ser pago com esses papéis, que serão aceitos pelo valor de face.
Conforme reportagem do jornal "Valor", o objetivo do BC é estimular lances mais elevados nos leilões de bancos menores, que não têm a atratividade de grandes instituições como o Banespa e o Banestado.
O BC argumenta que, como esses papéis são dívida do próprio Tesouro Nacional, é indiferente para a União receber em reais ou em títulos.
É evidente que a permissão para usar moedas podres tende a elevar o valor nominal dos lances. Afinal, em razão dos deságios sobre o valor de face, o montante que de fato é gasto é bem menor do que o nominalmente oferecido. Mas isso não significa que a aceitação de moedas podres seja indiferente para o abatimento de dívida pública.
Isso só seria verdade se os aumentos nos preços fossem superiores aos deságios dos papéis. Se não, o Tesouro poderia em tese usar os reais obtidos na privatização para resgatar os títulos diretamente no mercado, beneficiando-se dos deságios.
A utilização de moedas podres foi um instrumento importante para alavancar o início das privatizações. Algumas estatais foram vendidas quando ainda havia recursos bloqueados pelo Plano Collor. Ao mesmo tempo, esse procedimento possibilitou limpar boa parte dos ativos podres acumulados pelo sistema financeiro durante os anos 80.
Mas, agora, o pagamento de até 90% do preço dos bancos em moedas podres soa apenas como uma maneira de permitir uma redução disfarçada dos preços mínimos.
O BC talvez tema que, em razão da estagnação econômica, tais preços estejam altos. Mas, se isso for verdade, o mais correto seria reavaliar os valores mínimos de forma transparente. Ou deixar as privatizações para quando a economia estiver melhor
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