segunda-feira, dezembro 17, 2001

128 KPS!!!!!!!!!!!!!!!!!
PUTA QUE O PARIU!!!!!!!!!!!
É BOM DEMAIS!!!!!!!!!!!!!!!!!





escuta aqui

Deixei meu coração em San Francisco
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

"Brothers and sisters", acabou a nossa brincadeira, como dizia aquele velho comercial de uma empresa de mudanças. Volto amanhã ao Brasil, em definitivo, depois de dois anos e dois meses na linda, nublada e culturalmente explosiva San Francisco.
Os que têm a paciência de seguir "Escuta Aqui" acompanharam os percalços e as alegrias de minha temporada californiana.
No início, em outubro de 1999, fiquei, de cara, alucinado com a burocracia das repartições públicas -burocracia que, ao contrário da brasileira, não é corrupta, mas igualmente inepta. Eu não engolia o sistema bancário (lerdo, ilógico, muito pior que o do Brasil) e me sentia deprimido ao andar por uma rua cheia de restaurantes, às 18h de um sábado, e ver as mesas cheias de gente... jantando.
Mas, claro, havia também o fascínio de viver numa cidade pouco menor do que Campinas (SP) e que tem, sem nenhum exagero, mais eventos culturais em uma quinzena do que São Paulo oferece em um ano. As lojas de discos maravilhosas, as livrarias idem, o ambiente cultural de alta sofisticação, a segurança de andar sossegado pelas ruas, as incontáveis quadras públicas de esportes...
Tudo surpreendentemente novo para mim, que já tinha vivido nos EUA (em Boston, em 1989/90), visitava sempre o país e, de tanto consumir artefatos pop americanos, julgava-me um expert no modo de vida local.
Só que morar aqui, para valer, como adulto, tendo de ganhar a vida, é mais ou menos como um jovem urbano cheio da grana, no Brasil, ir servir o Exército no meio da Amazônia.
Nos EUA, amigo, ninguém faz nada para você. No banco, você é ignorado (e nem poderia ser diferente, porque os funcionários não param no emprego). Obras em casa? Só o Tom Cruise e o Bill Gates têm dinheiro para pagar pedreiro, encanador etc. etc. Para os mortais, é tudo na base do mãos à obra.
Desculpe a sociologia de quintal, mas aprendi, aqui, que a sociedade americana se equilibra entre dois pólos distantes. De um lado, a crença ultra-individualista na autodeterminação e no trabalho. De outro, o espírito de bem comum, que se manifesta na capacidade de organização e na atitude generosa de doar e de prestar serviços à comunidade.
No meio disso, na zona cinzenta das relações interpessoais, há um imenso vácuo. Amizades, do tipo que conhecemos no Brasil, têm papel totalmente secundário. Experimente ligar para um americano, mesmo que seja o seu melhor "amigo", e convidá-lo para algo que não tenha sido marcado com pelo menos uma semana de antecedência. Não vai rolar. Ou tente, num momento de crise, desabafar com um americano seu conhecido. Ele não vai dar a mínima.
Você, jovem leitor de classe média, não faz idéia de como sua vidinha brasileira é confortável. Só que é também isolada, provinciana. Se quiser virar adulto de verdade, é bom passar um tempo nos EUA. Para ficar esperto.

MEMORÁVEIS

Pancadaria

"O show de Mike Ness (ex-Social Distortion) terminou com trocas de socos e um certo alívio -enquanto ele tocava, a impressão é de que poderia explodir um tumulto a qualquer momento."



--------------------------------------------------------------------------------

22.nov.1999

Lado chato

"A vida diária ensina que nem tudo é rapidez, eficiência e cortesia. Os obstáculos são imensos, muitos parecidos com aqueles (burocracia, burrice) que achamos que só existem no Brasil."


--------------------------------------------------------------------------------

24.jan.2000


Billy Corgan visionário

"Em 1988, ninguém tocava pesado, exceto nós e as bandas de Seattle. Todo mundo dizia que éramos loucos (...). Só que o grunge explodiu e provamos que estávamos certos. Agora digo que o rock está esgotado, chegou a hora de buscar outros rumos."



--------------------------------------------------------------------------------

Billy Corgan, 8.mai.2000



Neil Young leva um não

"Neil Young, o rei do underground , o barulho em pessoa, foi despachado da porta de uma churrascaria de San Francisco por cometer a ousadia de tentar jantar, num domingo, depois das 21h."



--------------------------------------------------------------------------------

14.mai.2001

Disciplinados

"A sociedade americana não é ágil, nem eficiente. É, isso sim, obstinadamente disciplinada, e ótima no quesito planejamento. Só que nem toda a disciplina do mundo consegue lidar com o imponderável."



--------------------------------------------------------------------------------

20.nov.2000

Hippies malas
"Acordo às 5h45, boto world music para tocar (...) e, depois de comer aspargo cru ou melão, acendo um incenso para livrar a casa das energias negativas e pedir aos espíritos do mal que vão embora."


--------------------------------------------------------------------------------

3.set.2001


segunda-feira, dezembro 03, 2001

Trail of Dead em São Carlos

Só vou falar o básico:

Para variar, só eu fui no show. Por isso que eu digo, é tudo bunda mole. depois reclamam que não vem ninguém nesse canto isolado do mundo. E tome Tchan!

Cheguei atrasado e perdi o Garage Fuzz (Parece maldição. Não consigo ver uma porra dum show desses caras)

Trail of Dead: Puta barulheira. o lugar não ajudava mundo no som. Mesmo assim foi foda. parece Sonic Youth mais barulhento. Partes calminhas e em seguida aquela puta detonação.

A mulecada mandando stage dive direto o show todo. Tinha uma menina que subia no palco com um cartaz escrito "Fuck Sigur Rós ", dava um chilique e pulava...

Uma hora e dez e não sobrou nada no palco os caras quebraram a porra toda. Chutaram tudo! Foi guitarra, bateria, amplificador, e tudo o que havia pela frente. aí a galera começou a fazer cabo de guerra com os cabos. Quase sairam no tapa com a banda.
(Vai lá saber se era segurança ou platéia).

Enfim, puta show. Quem esteve lá viu...


CD PLAYER

PLAY "Comme un Garçon"
Stereo Total
Mundo, acabe agora, para que este velho colunista chegue ao além tendo escutado, como último som, essa loucura franco-germânica, mix de Kraftwerk, Serge Gainsbourg e Cramps.

PAUSE "Toxicity",
System of a Down
Confesso minha total incompetência, certamente causada pelo excesso de idade, para saber se essas jovens bandas de punk-metal prestam ou não. Muita gente gosta, então ganha Pause.

EJECT "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana",
Titãs
Acho que nunca uma banda se levou tão a sério quanto os Titãs. Pensando bem, aqueles discos de relançamentos eram melhores -ao menos, tratava-se de um mal conhecido.



GRINGAS

Negros, gays e transexuais
Como San Francisco é uma cidade que se esforça para manter o próprio folclore libertário, rolou na semana passada o Primeiro Festival de Cinema Negro de Gays, Lésbicas e Transexuais. O que exatamente isso quer dizer, não sei, mas sei que tinha um filme do Brasil.

Revista nota dez 1
Atenção, chamando todos os carros! Fique ligado na revista "The Thresher" (www.thethresher.com), feita pelos mesmos visionários responsáveis por várias publicações que marcaram época, como a "Mondo 2000" (ótima, de vida curta) e "Nose" (demolidora) .

Revista nota dez 2
Sorte ou profecia, o fato é que a primeira edição da "Thresher", finalizada em agosto, trazia como destaque artigos sobre bioterrorismo e segurança nos EUA. Vários dos textos estão disponíveis na internet, de graça, então capriche no inglês e mãos à obra!

Coisa feia nos EUA
Para os padrões americanos de prosperidade, a situação atual da economia é de penúria total. Sabe aqueles livros legais de turismo para jovens, a série "Lonely Planet"? Pois até essa sólida editora está pensando em fechar seu escritório nos EUA. Ninguém tem mais coragem de viajar.





ESCUTE AQUI

Arte e vida, rock and roll e cinema

Às vezes, a arte se parece com a própria arte, às vezes, se parece com a vida.
No rock, essa arte "artística" é representada por bandas como Pixies, Built to Spill, Guided By Voices e centenas de outras. Lembro de uma entrevista de Robert Pollard, do Guided By Voices, em que ele dizia que talvez existisse alguém que entendesse tanto de história do rock quanto ele. Que entendesse mais, sem chance.
Já o rock vital, trilha sonora das ruas, é o departamento de Neil Young, Iggy Pop e poucos mais. Referente em quase nada, sua arte nasce de si mesma.
Embarquei nessa viagem arte versus vida depois de assistir ao último filme do romancista-roteirista-produtor-ator-diretor David Mamet, uma pequena obra-prima chamada "Heist" ("Assalto"), com Gene Hackman e Danny DeVito.
Hackman é um velho assaltante que quer parar. Mas, claro, aceita fazer um último serviço. DeVito interpreta o mafioso que o contratou. Nenhuma linha do que eles dizem parece ter sido previamente escrita. Diálogos e técnicas de filmagem são de um realismo brutal. O clímax, um tiroteio em um porto, arranca aplausos do público. Em um gesto final de desprezo pela espécie humana, um dos assassinos, contemplando o homem que acabou de matar, aplica um pontapé no cadáver, jogando o corpo sem vida ao oceano. É puro Sam Peckinpah.
Se Neil Young ou Iggy Pop fossem cineastas, fariam filmes como "Heist".
Mas quem seria o equivalente, no cinema, ao "college rock" de Pixies e similares? Os jovens cineastas Steven Soderberg ("Traffic") e Darren Aronofsky ("Réquiem para um Sonho"). Ambos na casa dos 30 anos (SS, 38; DA, 32), são, mais do que diretores, "nerds" de cinema.
A câmera nervosa de "Traffic" e a edição estilosa de "Réquiem para um Sonho" são artifícios técnicos de que só viciados em celulóide poderiam lançar mão.
Já "Heist" nem parece ter sido filmado. É como se, por algum dispositivo sobrenatural, a vida como ela é fosse repentinamente transferida para a película.
Claro que essa oposição entre vida e arte, se é que ela existe, não implica um conflito do tipo "o bom contra o ruim". Pixies e Guided By Voices não são melhores nem piores do que Neil Young e Iggy Pop. Assim como as qualidades de "Heist" não apagam o brilho de virtuosos da direção como Soderbergh e Aronofsky.
A crítica não se animou muito com "Heist", um filme talvez honesto demais para os EUA pós 11 de setembro. Para mim, é um dos três melhores filmes dos últimos dois anos, junto com "História Real", de David Lynch, e "A Promessa", de Sean Penn.
Nesse mesmo período, o rock and roll não produziu nada tão visceral. O rock anda distante da vida.

GRINGAS

Negros, gays e transexuais
Como San Francisco é uma cidade que se esforça para manter o próprio folclore libertário, rolou na semana passada o Primeiro Festival de Cinema Negro de Gays, Lésbicas e Transexuais. O que exatamente isso quer dizer, não sei, mas sei que tinha um filme do Brasil.

Revista nota dez 1
Atenção, chamando todos os carros! Fique ligado na revista "The Thresher" (www.thethresher.com), feita pelos mesmos visionários responsáveis por várias publicações que marcaram época, como a "Mondo 2000" (ótima, de vida curta) e "Nose" (demolidora) .

Revista nota dez 2
Sorte ou profecia, o fato é que a primeira edição da "Thresher", finalizada em agosto, trazia como destaque artigos sobre bioterrorismo e segurança nos EUA. Vários dos textos estão disponíveis na internet, de graça, então capriche no inglês e mãos à obra!

Coisa feia nos EUA
Para os padrões americanos de prosperidade, a situação atual da economia é de penúria total. Sabe aqueles livros legais de turismo para jovens, a série "Lonely Planet"? Pois até essa sólida editora está pensando em fechar seu escritório nos EUA. Ninguém tem mais coragem de viajar.





GRINGAS

Negros, gays e transexuais
Como San Francisco é uma cidade que se esforça para manter o próprio folclore libertário, rolou na semana passada o Primeiro Festival de Cinema Negro de Gays, Lésbicas e Transexuais. O que exatamente isso quer dizer, não sei, mas sei que tinha um filme do Brasil.

Revista nota dez 1
Atenção, chamando todos os carros! Fique ligado na revista "The Thresher" (www.thethresher.com), feita pelos mesmos visionários responsáveis por várias publicações que marcaram época, como a "Mondo 2000" (ótima, de vida curta) e "Nose" (demolidora) .

Revista nota dez 2
Sorte ou profecia, o fato é que a primeira edição da "Thresher", finalizada em agosto, trazia como destaque artigos sobre bioterrorismo e segurança nos EUA. Vários dos textos estão disponíveis na internet, de graça, então capriche no inglês e mãos à obra!

Coisa feia nos EUA
Para os padrões americanos de prosperidade, a situação atual da economia é de penúria total. Sabe aqueles livros legais de turismo para jovens, a série "Lonely Planet"? Pois até essa sólida editora está pensando em fechar seu escritório nos EUA. Ninguém tem mais coragem de viajar.


segunda-feira, novembro 26, 2001

hoje eu fui foda!!!!

Mandei bem. tem reportagem legal aí pra dar com pau!

DOWNLOAD

A banda pós-Pumpkins

MARCELO NEGROMONTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Isto que você vai ler agora é um mero sinal dos tempos, um fato corriqueiro, desses que não mudam a vida de ninguém, apesar de ser praticamente impossível antes de 1999. Uma banda recém-formada faz seu primeiro show e o mundo inteiro ouve.
Há quase um ano, o vocalista Billy Corgan terminou com o Smashing Pumpkins, uma das bandas mais importantes dos anos 90, principalmente antes de "Adore". Fez trabalhos esporádicos, como participar dos últimos disco e turnê do New Order, e recentemente montou uma nova banda, o Zwan.
No último dia 16, o Zwan (formado pelo guitarrista Matt Sweeney, o baterista Jimmy Chamberlin -também um ex-Pumpkin- e o baixista Pajo, também conhecido por Skullfisher) se apresentou ao vivo pela primeira vez. Era o primeiro dos quatro shows que a banda fez até o último dia 21 na Califórnia, como consta no tosco www.zwanmusic.com.
E são gravações não menos toscas desse show do dia 16 que estão num napster perto de você. Ouça "And So I Died of a Broken Heart", "The Empty Sea" (aqui com referências claras a Joy Division) e "Permanence" e perceba quão doce se tornou Corgan.
Após os Strokes, esse é o segundo caso de uma banda que não lançou nenhum disco e já possui gravações ao vivo. O que deveriam ser registros históricos a tecnologia transformou em fatos cotidianos da vida.



NOVO ROCK AMERICANO

Banda do Texas toca quinta e sexta-feira no Sesc Belenzinho

Trail of Dead faz bombadeio sonoro em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

Deve ser o sol do Texas na cabeça, mas o calorento Estado americano tem fabricado as bandas mais violentas (sonoramente falando) da atual vibrante safra do rock americano, essa que está apresentada na capa e nas duas páginas seguintes do Folhateen.
O Texas tem a incrível Lift to Experience e já não tem mais a explosiva At the Drive in (a banda recém-acabou). E é de lá que vem também a ...And You Know Us by the Trail of Dead, banda de nome interminável que desde a semana passada está em turnê pelo Brasil.
O grupo, um Sonic Youth heavy metal, é conhecido como daqueles que, ao contrário de bandas mais nervosas, primeiro quebra os instrumentos para depois começar o show.
E parece que, nas duas apresentações do Sesc Belenzinho (0/xx/11/ 6605-8143), quinta e sexta-feira próximas, a fama de destruidor (em todos os bons sentidos) do grupo vai ser mantida.
"Nossa performance ao vivo é marcada por entusiasmo e excitação. Pelas histórias que ouvimos sobre shows no Brasil, não temos dúvidas que vamos encontrar as mesmas coisas por parte do público daí", disse Neil Busch, integrante do grupo, direto do Texas por e-mail.
"Será um show costumeiro nosso: epifania catártica através de bombardeio sonoro", definiu Busch, que como qualquer um do quarteto Trail of Dead toca todos os instrumentos e inclusive canta.
Segundo Busch, o show do Trail of Dead daqui conterá músicas do próximo álbum da banda (a ser lançado em 2002) e canções de "Madonna", o CD de estréia, que a Trama lança ainda este mês no Brasil.
Antes dos shows de quinta e de sexta, o Trail of Dead destrói os estúdios, ou melhor, se apresenta ao vivo na rádio Brasil 2000 FM (107.3 MHz), como convidado do programa paulistano de rock "Garagem", às 23h.
São Paulo então terá três oportunidades nesta semana de ver de que maneira o Trail of Dead imprime ao vivo sua filosofia.
Qual é ela mesmo, Busch? "Tocar rock'n'roll, ficar famoso e depois morrer". (LÚCIO RIBEIRO)




Banda anuncia vinda ao Brasil "depois de abril"

DA REDAÇÃO

Nada como falar do encorpado rock americano com quem faz parte dele.
"Não gosto de nenhuma banda nova", afirmou Fabrizio Moretti, baterista brasileiro do ótimo Strokes (NY), momentos antes de o grupo encarar 30 mil pessoas no palco do prestigioso festival inglês de Reading, em agosto passado.
"Na verdade, não é que não goste", disse Fabrizio. "Apenas não ouço muito".
O baterista do grupo de rock mais falado de 2001 revelou que só escuta "velharias" tipo Velvet Underground e Beatles. "Radiohead também."
"Mas meus amigos não param de sair para shows, bares, onde sempre tem banda nova. Voltam comentando. É sinal de que a cena está fervendo."
Fabrizio mostra conhecimento das "novidades" apenas na hora de falar do Moldy Peaches, dupla roqueira também de Nova York.
"Adoro o Moldy Peaches. Eles são a mistura certa de um rock'n'roll realmente bom com uma boa diversão."
"Quanto ao White Stripes, de novo bastante gente fala, mas eu não conheço muito bem. Tenho que confessar minha ignorância sobre eles", disse o baterista.
"Mas já gosto deles só de saber que são apenas um guitarrista e uma baterista. Só podem fazer música boa."
De volta ao futuro, os Strokes soltaram comunicado afirmando que devem mesmo vir ao Brasil "em alguma data depois do mês de abril".
"As coisas estão ficando excitantes no Brasil. "Is This It" [o álbum dos Strokes" é um dos mais vendidos na Saraiva Megastore. E o vídeo de "Last Nite", um dos mais vistos na MTV americana e na latina, estreou nesta semana na MTV Brasil", diz a nota assinada pelo empresário da banda, Ryan Gentles. (LR)



0ESSE TAL DE ROCK AMERICANO

Desde o grunge (91) os EUA não reúnem tanta banda boa; Brasil já lança CDs e vê shows

Muito além dos Strokes

Divulgação
Integrantes da banda Black Rebel Motorcycle Club, de San Francisco


LÚCIO RIBEIRO
DA REDAÇÃO

Você pensou que os Strokes eram tudo?
O efeito Nirvana por enquanto é menor, mas desde o grunge do começo dos anos 90 o rock americano não se constituía em tão significativa cena. E não produzia tantas bandas boas, energéticas e explosivas.
Quem, em 2001, foi bombardeado pelo "assunto Strokes" e decidiu verificar o que realmente estava acontecendo, pôde enxergar que pela mesma porta aberta pelo grupo nova-iorquino estavam passando em alta velocidade nomes como White Stripes, Black Rebel Motorcycle Club, Le Tigre, Moldy Peaches e um monte de outras bandas.
Não coincidentemente, o eco da atual excelente safra do "american rock" já é ouvido em alto e bom som no Brasil, que está recebendo os lançamentos do último CD do "hypado" e peculiar White Stripes (Detroit), o primeiro álbum da elogiada banda de punk dance Le Tigre (Washington) e o show do destruidor Trail of Dead, integrante da prolífica cena texana (leia à pág. 5).
A soturna Black Rebel Motorcycle Club, já bem tratada aqui no Folhateen, grita de San Francisco: "I gave my heart to a simple chord/ I give my soul to a new religion/ what ever happened to you/ what ever happened to our rock'n'roll" (Eu dei meu coração a um simples acorde, eu dei minha alma a uma nova religião, o que está acontecendo com você, o que está acontecendo com meu rock'n'roll).
A Sum Records ouviu o BRMC e correu para lançar Le Tigre e White Stripes (veja ao lado). Strokes toca bastante em rádios brasileiras, é tema de especial da MTV, tem cartaz espalhado por todo o Rio de Janeiro e já é hit de vendas em lojas de rock paulistanas.
Para aproveitar a turnê do ótimo grupo texano pelo país, a gravadora Trama prepara a edição nacional do Trail of Dead ainda para este mês.
E a nova gravadora indie FNM promete para janeiro o recém-lançado (lá fora) disco de estréia do desmiolado Andrew WK, sujeito que parece Iggy Pop cantando no AC/DC com a máscara do Kiss. Você ainda vai ver muito a capa do disco dele, "I Get Wet", ilustrada por seu rosto bem... ensanguentado.
O Folhateen preparou um mapa (veja ao lado) do rock made in USA com algumas das bandas indies mais faladas em revistas, jornais, TV e internet. E dá as dicas de canções "fundamentais" para você vasculhar a rede de computadores, ouvir e entender para onde a música jovem está indo com esse tal de rock americano.
O rock americano, ao contrário da base metal soturna que pautava principalmente os grupos de Seattle, em 1991, aparece dez anos depois em vigorosa forma e bem diversificado, seja no estilo seja na localidade das bandas.
Existe a sombra do grunge no "veterano" (1998) grupo Queens of the Stone Age, tem o som 70's dos Strokes, tem o hard rock do Andrew WK, tem o blues detonado do White Stripes e tem a new wave renascida do Le Tigre, por exemplo.
Do Le Tigre, banda que, se você olhar bem, nem é banda (uma é música, a outra é videomaker, a outra é dona de fanzine), já é encontrado nas lojas brasileiras o elogiado e homônimo disco de estréia.
"Le Tigre", o CD, ganhou edição por aqui simultaneamente ao lançamento no exterior do segundo álbum das meninas, "Feminist Sweepstakes".
Pronto. Agora já dá para tirar o CD dos Strokes do cdplayer.
E tem neguinho que ainda vta no tal de maluf....
PLAY Death Cab for Cutie ao vivo
Grande show do grupo de Seattle que é dos favoritos da cena indie dos EUA. Canções melódicas, que lembram o Superchunk das antigas, e um baixista possuído.

PLAY "The Man Who Wasn't There", irmãos Cohen
Outro Play, e não para CD, mas para o novo filme dos irmãos Cohen, com Billy Bob Thornton. Tudo dá errado, e todos são punidos, mas não pelos crimes que cometeram.

EJECT "White Ladder", David Gray
Sim, é possível fazer música ainda mais yuppie e desfibrada do que David Matthews e Sting. David Gray é a triste prova disso. Se você não o conhece, parabéns.
...e dá canseira
Um pobre jornalista americano começou a entrevista com Julia perguntando: "Você, ao lado de tantos astros...". Ela: "Não me chame de você, me chame de Julia Roberts." Ele: "Julia Roberts, ao lado de...". Ela: "Mudei de idéia: pode me chamar de você."

Diretor cai do céu
Quem apareceu sem avisar ninguém foi o diretor do filme, o ultrapremiado Steven Soderbergh. Todo de preto, ao meio-dia de um domingo de sol, filmava tudo ao redor com uma pequena câmera digital. E botou menos banca do que qualquer diretor brasileiro de curta-metragens.



escuta aqui

Britney Spears dá vontade de mudar para Saturno

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Já que a época é de vestibular, uma pergunta de múltipla escolha para você. Quem deu a declaração abaixo:
"Ah, quando eu fui à premiação da "Billboard", eu estava usando um chapéu laranja e um casaco laranja, meia arrastão, botas, e estava, tipo, muuuito horrível. Nada a ver, parecia uma cafetina. E eu, tipo, pensei: "Não estou nem aí, vou assim mesmo". É claro que minha mãe falou, tipo, "Você vai desse jeito?'"
a)Barry Sharpless, Nobel de química deste ano;
b)Harold Bloom, crítico literário;
c)Britney Spears;
d)Uma anta;
e)"c" e "d" estão corretas.
Esse primor de raciocínio é só um entre vários trechos que desafiam qualquer qualificação possível e que compõem a mais recente reportagem de capa da revista norte-americana "Rolling Stone". A entrevista, claro, é com a cantora Britney Spears, 20 anos e muito silicone.
Não quero parecer purista ou defensor de alguma tese hipócrita sobre "jornalismo de alto nível". Tenho experiência suficiente para saber que uma revista como a "Rolling Stone" precisa vender muito, e que Britney Spears na capa atrai infinitamente mais compradores do que uma banda do interior de Oklahoma conhecida só por meia dúzia de "nerds" bem informados.
Mas não há como fugir do adjetivo "deprimente" ao ler a reportagem principal da edição mais importante do ano da "Rolling Stone" e constatar que trata-se de um blablablá desmiolado com uma menina lindíssima, mas que nada tem a dizer.
A "RS" escolheu Britney como a "personalidade do ano". E destacou também Fred Durst (do Limp Bizkit), Alicia Keys (cantora), Dave Matthews (aquele), Bono, a atriz Angelina Jolie (yes!), a banda Sum 41, a boy band 'Nsync, Bob Dylan, Paul McCartney (a entrevista com ele é a melhor coisa da revista), e, entre vários outros nomes, o inominável Aaron Lewis, líder do grupo Staind, um cara que, a meu ver, deveria depositar todo dia um milhão de dólares na conta de Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, de quem ele copia absolutamente tudo o que faz.
Como dizia meu amigo André Forastieri, uma relação dessas é um monumento à mediocridade dos tempos. E, pior ainda, foi publicado na "Rolling Stone", uma revista que, por seu passado inovador, sempre mereceu admiração.
Por favor, quando sai a próxima nave para Saturno?

segunda-feira, novembro 12, 2001

ESCUTA AQUI

O novo rock americano entre o lamento e a revolta
Divulgação
Os integrantes do Black Rebel Motorcycle Club


O Pinback, de San Diego, lamenta: "Triste saber que vou morrer/ Mas espero que seja depois do que eu imagino".
E o Black Rebel Motorcycle Club, de San Francisco, fulmina: "Entreguei minha alma a uma nova religião/ O que aconteceu com você? O que aconteceu com meu rock and roll?".
O Pinback é cerebral, sincero e econômico. O BRMC protege-se atrás de uma névoa espessa, onde atitude e música têm a mesma importância.
Musicalmente, não se parecem em nada. Mas acabam se encontrando por praticarem, cada um a seu modo, um rock and roll fora dos radares da indústria. Nem pop para consumo fugaz, nem brutalmente analfabeto como o chamado novo metal que manda nas rádios dos EUA.
Pinback e BRMC são guerrilheiros, digamos.
Nos últimos dias, vi um show de cada banda, e aqui cabem explicações.
O Pinback é uma dupla, Zach Burwell e Rob Crow, que se alterna nos vocais, guitarras, baixos, teclados, percussão e programação de ritmos. Ao vivo, contam com um baixista e um baterista.
Só gravam em casa, no computador pessoal de Zach. O segundo álbum do Pinback acaba de sair, chama-se "Blue Screen Life" e, em seus melhores momentos, parece um encontro celestial do Pavement com o Portishead.
O mais impressionante, tanto em disco como ao vivo, é a precisão com que Rob e Zach dividem os vocais: basicamente, um canta, e o outro fala.
Nada é igual ao Pinback.
O BRMC é outra história. Trata-se de uma cópia idêntica do finado grupo escocês Jesus and Mary Chain. Tem as mesmas guitarras em distorção fora de rumo, o mesmo baixo que perfura a caixa craniana e, principalmente, a mesma temática niilista induzida por drogas.
Peter Hayes (guitarra e vocais), Robert Turner (baixo) e Nick Jago (bateria) vêm da chamada East Bay, região de San Francisco. Têm 20 e pouquíssimos anos. Negam-se a dar detalhes precisos sobre sua origem com medo, comenta-se, de que repórteres descubram fotos ridículas de seus álbuns de formatura da escola (tem de ser muito moleque para se preocupar com uma coisa dessas).
Ao vivo, ainda têm um longo caminho a percorrer. Mas seu repertório é sólido, cheio de várias canções boas e uma excepcional: "Whatever Happened to My Rock" n" Roll (punk song)".
O som do BRMC seria só uma imitação rasa do rock inglês do começo dos anos 90 se não fosse tão desesperadamente jovem. Mais: se não fosse tão puro rock and roll.


GRINGAS

Scheila e os caipiras
Leio na internet que a monumental Scheila Carvalho foi eleita, no Brasil, a mulher mais sensual do mundo. Sou fã da moça, mas não seria exagero chamá-la de a mais sensual... do mundo? Depois dizem que os americanos é que são caipiras e desinformados sobre o resto do planeta.

O Exorcista 1
Imagine se Linda Blair, a possuída em "O Exorcista", excursionasse divulgando sua autobiografia. E que, em um cinema lotado, se dispusesse a ser entrevistada por uma drag queen fanática por filmes. Tudo isso como "aquecimento" para mais uma exibição do hoje clássico "O Exorcista". Imaginou?

O Exorcista 2
Pois aconteceu mesmo, há pouco tempo, em San Francisco. Linda respondeu a toda e qualquer pergunta sobre sua vida e carreira (ou ausência de). Na autobiografia, além de histórias dos bastidores demoníacos, ela faz a apologia do amor pelos animais e do vegetarianismo radical.

Black metal
Rob Crow, do Pinback, fez ironia com o público, dedicando uma música "aos fãs de black metal", tipo sombrio de heavy metal que não tem nada a ver com o Pinback. Pessoas gritaram, então, nomes da bandas que imaginavam ser de black metal: Exodus, Carcass e Slayer. Só bola fora. Rob riu.

CD PLAYER

PLAY

"Blue Screen Life",
Pinback
Talvez o Pinback seja a melhor banda que vi e ouvi nesses dois anos nos EUA. É corajosamente original, com melodias muito simples, mas apresentadas sempre com sofisticação.

PLAY

"Twisted Tenderness
Deluxe",
Electronic Coletânea em CD duplo do grupo de rock eletrônico formado por Bernard Sumner, do New Order, e Johnny Marr, dos Smiths. E o melhor: tem faixas inéditas.

PAUSE

"It's a Wonderful Life",
Sparklehorse
Paciente, "Escuta Aqui" ainda está tentando entender o folk torturado que Mark Linkous concebeu no novo disco do Sparklehorse. Talvez nunca entenda.

MÚSICA

Simplicidade e um pouquinho de massa cinzenta

Banda inclui crítica ao arsenal de skate, mulheres e baladas

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem ouve rádio conhece de cor, mesmo sem querer, a canção "Não É Serio", do Charlie Brown Jr., que é martelada em várias sintonias do dial há cerca de oito meses. A música, do álbum "Nadando com os Tubarões", de 2000, fala do "jovem", do tal "sistema", e apregoa uma crítica antes incomum ao repertório de baboseiras da banda santista.
O acréscimo de massa cinzenta ao trabalho da banda é resultado do flerte deles com o discurso engajado dos grupos de rap, que participaram daquele álbum, e da própria experiência do vocalista Chorão, 31.
Essa novidade serviu de base para grande parte das composições de "100% Charlie Brown Jr. - Abalando a Sua Fábrica", quarto disco da banda, o primeiro lançado pela gravadora EMI, que chega agora às lojas, cheio de hits instantâneos.
""Não É Sério" puxou o carro dessa fase engajada da banda. Isso tem a ver com o que eu estou passando. Perdi meu pai e percebi que fiquei ocioso por muito tempo da minha vida, quando poderia estar fazendo várias coisas legais", explica.
"Passei 27 anos na balada. Era disso que a gente falava nas letras", reconhece o vocalista. "Era mais um jovem desempregado que ficava por aí, vagando pela noite. Agora, é diferente. Sou um cara que percebeu que pode fazer algo legal, que tem vontade de ver as coisas diferentes e que passou a integrar o sistema, pagando contas e impostos", diz, garantindo que, ao menos para ele, a vida passou a ser mais do que uma "balada irada" ou um rolé de skate.
Daí surgem críticas políticas e sociais em letras que falam dos "caras do Senado" ("Eu Protesto") e de "matar o presidente" ("Hoje Eu Acordei Feliz"). Polêmicas para menores de 14 anos criadas por marmanjos trintões.
Mas o grupo é bem-intencionado e, no minguado mercadão de rock brasileiro, o hardcore melódico do Charlie Brown Jr. tem lugar de destaque. A banda foi revelação do Video Music Brasil em 98, faturou os prêmios de melhor clipe de rock e melhor clipe na escolha da audiência em 2001 e já vendeu 1 milhão de cópias de seus discos desde a estréia em "Transpiração Contínua Prolongada", que emplacou canções como "O Coro Vai Comê!" e "Proibida pra Mim".
De lá pra cá, é possível notar um estranho processo de evolução que teima em manter um pé na estaca zero. O Charlie Brown Jr. buscou uma aproximação com jovens menos descerebrados sem deixar de agradar aos fãs da temática skate, mulheres e baladas.
"O jovem hoje tem poucas opções e oportunidades. Ele está muito distante do que quer e por isso se envolve em coisa errada. Só que quem vai mudar essa realidade é o próprio jovem, com autoconfiança e fé. A priori, nossa intenção é mandar um som no papo de entreter, mas com uma mensagem", afirma.
Assim, a banda conjuga alertas ao universo vazio de muitos adolescentes, como em "Só Lazer" ("Se uma mansão e um carro gringo é o que te atrai / Se um videoclipe do Twister te distrai"), a músicas que carregam o que há de mais chavão na irreverência criada por grupos como o Raimundos, como em "Sino Dourado".
"100% Charlie Brown Jr. - Abalando a Sua Fábrica" também traz mudanças sonoras. Com a saída do guitarrista Thiago antes do início das gravações do novo disco, Chorão, Champignon (baixo), Marcão (guitarra) e Pelado (bateria) soam mais garagem e investem em melodias mais simples e cruas. "Viramos um "power trio". Perdemos o requinte, mas ganhamos raça", entusiasma-se Chorão. Agora, é só ligar o rádio e conferir.

terça-feira, outubro 30, 2001

Free Jazz

São Paulo, 26 de Outubro de 2001-10-29

Bom, e lá vamos nós para mais um show aqui na gloriosa SP. Desta vez a primeira noite paulistana do Free Jazz Festival.

Como os ingressos estavam esgotados, e eu tinha dois sobrando, achei, em um primeiro instante, que seria moleza passá-los adiante. Cheguei na porta do local cerca de 45 minutos antes do início. Para minha surpresa, havia uma verdadeira legião de cambistas e outras pessoas querendo vender ingressos. Resumindo a história: depois de uma hora tentando passar os ditos cujos adiante, desisti. Vendi para um outro cambista. Prejuízo contabilizado, era hora de entrar... E para espanto geral, uma fila de uns 300 (!) metros estava a minha espera. Já passava das dez e meia quando entrei no (final) da fila.

Quando consegui entrar, já devia ser mais de 11 horas. Não sei ao certo pois não olhei no relógio. Dentro, alguns roadies arrumavam os equipamentos no palco, enquanto a galera esperava. Beleza! Fui pegar uma cerveja.

Depois de algum tempo, o locutor anuncia os “garotos da gelada Islândia”. Eu tinha perdido o primeiro show. Grandaddy!

O Sigur Rós mandou um show lento e focado. Em certos momentos até parecia um espécie de Ennya ‘esquisita”. É o que se pode chamar de som “etéreo”. Uma levada lenta, algumas vezes barulhenta, e bem intensa, misturadas a muita melodia e alguma repetição.
O detalhe do show é o vocalista/guitarrista que passou a maior parte do show tocando guitarra com um arco de violoncelo.

Os quatro moleques contam com apoio de músico de câmara que atuam em algumas músicas, ajudando a compor o “clima”
Na galera, muita gente comprando bebida ou batendo um papinho amigo (especialmente a mulherada). Na frente do palco, muita concentração no som. Reação mesmo, só nas músicas mais barulhentas.

Enfim, um show bacana, que dificilmente vem para o Brasil em condições normais. O público, muito heterogêneo (aquele mix: descolados de plantão, indies, patricinhas, etc) reagia também de forma heterogênea. Até chegar a vez do Belle & Sebastian...

A primeira vez que ouvi falar de B&S, foi na coluna do Álvaro, no Folhateen. Aquela coisa de corações amargurados, melancolia, e uma pontinha de tristeza no coração.
Formava-se então aqui (como lá fora), uma legião de órfãos dos Smiths, sedentos por pop doce e meigo. Música para corações dilacerados (sempre achei que as coisas aqui só pegam pelo maciço hype dos jornalistas que cobrem a música pop, mas isso já é outra história.)

Começa o show, entra no palco um verdadeiro time de futebol. A primeira música é a faixa de abertura do bom “Boy with the Arab Strap”. (A discografia da banda inclui 4 álbuns e 7 singles, todos lançados no Brasil pela Trama). E para minha total surpresa, o público está totalmente sintonizado. Olho ao redor, muitos dançam e cantam as músicas, tocadas com surpreendente energia. Nos intervalos, um dicionário de expressões em português ajuda a comunicação com o público.
O mais legal é escutar o burburinho da galera ao reconhecer os primeiros acordes de quase todas as músicas. Era claro que todos estavam ali para ver aquele show!! Me surpreendeu de novo! Tanto o show em si, bastante animado, como as milhares de pessoas que lotaram a tenda do main stage. Londres é aqui. Ao menos por algumas horas.

Detalhe: Como estava sozinho, dei uma boa circulada para dar uma geral no povo presente (faz parte da coisa ver as figuras que aparecem). No começo do SR, fiquei no lado esquerdo do palco, uns 20 metros de distância. No intervalo das primeiras músicas, estava distraído dando uma “filmada” na galera quando vi uma turminha a uns 3 metros de mim. Era lúcio Ribeiro, a namorada, e a Clarah! Inacreditável! 4000 pessoas ali, e eles do meu lado!
A Clarah passou ao meu lado, e é claro que eu conversei com ela um pouquinho. Esse negócio de trocar e-mail com uma pessoa que voce nunca viu é muito esquisito. Apresentações foram feitas!

No final do B&S, o lúcio vinha na minha direção e me viu. De lá mandou um aceno. Quando chegou, o cara veio me cumprimentar! (Estou na mídia com diria um amigo radicado em Goiânia). Cool! Troquei uma idéia com a cara e vazei na multidão. Taí uma noite legal.
escuta aqui

Osama, antraz e internet levam San Francisco a nocaute
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Usando luvas roxas de borracha, a funcionária do correio comenta que nunca viu tão pouca gente na agência onde estou, perto de Berkeley, Califórnia (EUA). Ela acha que é medo, e que o medo é bobagem. "Isso é tudo "media hype". Continuo fazendo meu trabalho como sempre. Só estou de luvas." Era uma terça-feira, meio de tarde.
A balconista do correio pode até achar que não, mas tudo mudou nos EUA pós-11 de setembro e pós-cartas com antraz. Correio vazio é só uma entre milhares de novas realidades.
Horas antes de entrar na agência do "post office", eu tinha feito algo raro nesses quase dois anos vivendo nos EUA: saíra para passear a pé por San Francisco. E digo a você, jovem leitor: é brutal o estrago que o colapso das empresas de internet, associado à onda de terrorismo, causou nesta cidade.
Começo por uma região que, há menos de um ano, fervilhava: as avenidas Jackson e Pacific, perto da linda Embarcadero, ampla avenida que margeia a baía de San Francisco.
Passo pelo prédio de tijolinhos onde funcionava a revista "Industry Standard", uma bíblia da economia pontocom. O prédio e o logotipo ainda estão lá, mas a "Industry Standard" faliu.
Ao lado, o ultramoderno restaurante mc2 nem abre mais para almoço. E não há quase clientes na sorveteria zero, modernamente com z minúsculo.
Caminho na direção de Chinatown, o caótico bairro chinês que costumo evitar justamente por causa da bagunça 24 horas. Só que a Chinatown de agora é outra. Não há turistas. Velhinhos cantoneses aposentados descansam na praça, como se estivessem em um dos poucos bairros sossegados de Hong Kong. Nas portas dos restaurantes, fregueses são puxados a laço. Nunca imaginei que veria Chinatown assim.
Viro na direção de North Beach, o frenético bairro das casas de striptease e dos restaurantes italianos. Finalmente, uma fila. De três pessoas, para entrar no Boys Toys, clube de strippers que promete "beautiful girls and fabulous food". Vai ver que eles estavam com fome.
Faz um raríssimo dia de calor (22 C) em fim de outubro, e, um quarteirão para baixo, as mesas estão nas calçadas. Vazias. No café Niebaum-Coppola, que pertence ao cineasta, uma cliente conversa em italiano com o garçom. Não parece San Francisco. Parece o interior da Itália.
Volto para casa sem enfrentar congestionamentos, com a sensação inquietante de que alguém decretou um feriado macabro.

GRINGAS

Zoaram com o Brown 1
E viva a sabedoria popular! Leio na internet que o último show de Carlinhos Brown em São Paulo atraiu a gigantesca massa de... 20 pessoas. Isso, 20, dois, zero, apesar de todo o espaço que esse sujeito tem na mídia, que, rastejante como sempre, o trata como gênio. A palavra final veio da bilheteria.


Zoaram com o Brown 2
No Rock in Rio, Carlinhos Brown foi recebido a garrafadas pelo público. Pôs a culpa nos "metaleiros", que não saberiam, segundo a sumidade Brown, apreciar o verdadeiro som do Brasil. Vamos ver qual desculpa ele vai dar agora. Ressalte-se que o fracasso aconteceu em São Paulo, que tem público para qualquer coisa.


Abacaxi atômico
Abacaxi é pouco para definir "Mulholland Drive", a última picaretag..., digo, película do diretor David Lynch. O roteiro deve ter sido escrito pelo Carlinhos Brown, porque não dá para entender nada. As mesmas atrizes fazem vários personagens, duendes fogem de uma caixinha levada por uma bruxa etc. etc. etc.


Lixo da TV
Como prova de que qualquer coisa vende nos EUA, a genial gravadora e distribuidora Rhino, de Los Angeles, acaba de lançar em DVD os seis episódios de "Pink Lady", considerada a pior série da história da TV americana. "Pink Lady" mostra duas cantoras japonesas que não cantam nem falam inglês.

CD PLAYER

PLAY
"Ox4 The Best of Ride", Ride
Coletânea de uma das maiores bandas britânicas da virada dos anos 80/90, do tipo que tocava olhando para os sapatos e escondia as melodias sob zilhões de guitarras enfurecidas. Era bom, continua sendo.


PAUSE
A existência do Bush
Não é o George W., é a banda. Saiu o disco novo, "Golden State", que não ouvi. O grupo sempre me intrigou. É imitação atrasada do Nirvana, mas faz ótimas apresentações ao vivo e tem senso de humor.


EJECT
"Tem muito homem"
A KALX, rádio da Universidade da Califórnia em Berkeley, toca muita música brasileira cabeça. Esta semana, rolou uma medonha, em que uma mulher repete: "Tem muito homem, tem muito homem!" Não sei o que é.
Praias marcadas
Foi criada uma nova mídia: uma máquina que imprime logotipos e mensagens na areia das praias

Acabo de receber um aviso dando conta da criação de uma nova mídia. Trata-se de uma máquina que imprime logotipos de empresas, slogans e mensagens de cunho social e/ou comercial na areia das praias.

Acoplado aos enormes caminhões varredores, máquinas que fazem a limpeza das praias mais populares nos primeiros raios de sol da manhã, o dispositivo é capaz de imprimir em baixo relevo, milhares de quadrados com mensagens comerciais em toda faixa de areia perto do mar. Nas fotos demonstrativas que acompanham o material, podem ser conferidos logotipos como Coca-Cola, Globo, Mc Donalds, Bradesco, Telefonica e outras grandes corporações. Há, ainda, exemplos de campanhas de "cunho social" com frases como "Esporte não é droga, pratique".

No mesmo material, descobre-se que, com a verba paga pelos anunciantes, pequenas prefeituras poderão passar a limpar melhor suas praias, deixando de fazer o serviço manualmente e adquirindo o equipamento.

Lembro-me de quando comecei a escrever esta coluna, aqui mesmo no JT, uns dez anos atrás, no caderno que se chamava Jornal da Praia. Na época, registrei, revoltado, meu repúdio contra a instalação de um enorme relógio desses que mostram hora e temperatura, debaixo de um back light gigante com a marca de um fabricante de cigarros. O totem ficava em plena, então quase imaculada, Maresias, uma espécie de santuário até ali.

Olhando para o que se tornou Maresias hoje, meu protesto não passa de uma comédia de gosto questionável.

A noção do que é e para que serve uma praia tem sido de tal forma revirada que tenho dificuldade para formar minha opinião sobre o serviço proposto pela nova companhia de mídia exterior em forma de carimbos que somem das areias no decorrer do dia.

Quando era claro para a maioria da população que praias eram pedaços especiais do meio-ambiente, faixinhas lindas do planeta espremidas entre céu, água e terra, nas quais havia menos gente que nas cidades, e onde, por um fenômeno difícil de explicar, as pessoas se tornavam melhores, mais parecidas com o que de verdade são, retomando aquilo que vai ficando esquecido na vida aglomerada dos grandes centros, um despretensioso relógio parecia um grito histérico irrompendo em meio à mais calma e doce melodia de João Gilberto.

Berros

Agora que as praias estão mais para Funk do Tigrão que para Garota de Ipanema, e que vêm aos poucos se tornando espécies de parques temáticos, filiais de grandes feiras promocionais, abrigando show rooms, back lights, outdoors, boates, exércitos de promoters que distribuem amostras uns aos outros desesperadamente, a proposta da empresa mencionada parece fazer algum sentido. É como se fossemos esperar que a Avenida Henrique Schaumann prescindisse do caminhão que a varre, ou das placas que anunciam comércios, serviços e outros "features".

O que está errado, a transformação do planeta e do meio-ambiente num shopping gigante, onde a sujeira, a degradação e a poluição são só um meio, plenamente justificado pelo fim maior do "mercado" e da "economia próspera"?

Ou a empresa que, diante do inexorável, oferece uma maneira criativa de diminuir o problema, entregando areias limpas de manhã em troca de alguns milhares de quadradinhos com a marca Marlboro?

Jornal da Tarde
30/10/2001

terça-feira, outubro 16, 2001

California Dream
E os brasileiros vivendo nos EUA, como estão lidando com o terror se tornando algo tão próximo e presente?

E os brasileiros vivendo nos EUA, como estão lidando com o terror deixando de ser um artigo perdido nas páginas internacionais do jornal e se tornando algo tão próximo e presente?

A carta abaixo foi enviada por um jovem chefe de família brasileiro:

E aí, Paulo? Como vai? Desde junho de 99 eu e minha familia estamos morando na Califórnia.

Aproveitando o fato de ter uma filha americana e uma mulher com Green Card, saí fugindo do sobe-e-desce da nossa economia, da insegurança de Sampa e do trânsito infernal da Bandeirantes. Aqui, passado o tempo do sub-emprego, encontramos a estabilidade do dólar ,a segurança e limpeza quase total de Sta Mônica e, para irmos à praia, andando levo menos de 10 minutos. Tá certo, não é Maresias e muito menos Ilha Bela, mas a 10 minutos... Minha filha parece estar vivendo num seriado de TV. High school, pólo aquático, boyfriend, prancha de surf, snowboard, enfim, tudo que pediu a Deus. O moleque, virando teenager, cabelo espetado, matando os gringos no "soccer" e começando a arrepiar no snowboard. Eu trabalho de assistente de marketing numa empresa e minha mulher, num dos shoppings mais bacanas do pedaço.

SONHO DE VALSA

Não pegamos freeway e os trabalhos e escolas são a 10 minutos de casa. Saudades, é lógico que sentimos, mas quando aperta, coloco um Gil ou Paralamas, ou corro até a loja de produtos brasileiros e compro um Sonho de Valsa e farinha de mandioca. Todo dia me informo lendo o JT pela internet, pelas notícias que tenho lido, continuo achando que fiz muito bem em fugir daí. Não consigo imaginar minha filha de 17 anos caindo na noite de São Paulo. Lendo uma de suas crônicas, sobre os atentados, achei que vc gostaria de ouvir a opinião de quem está aqui, mas vê a situação e a atitude (eles aqui adoram essa palavra) deles com os olhos de quem veio daí. Bom, passado o choque inicial, os gringos começam a mostrar sua verdadeira cara. Um dia após os ataques, as ruas já começaram a ficar cheias de bandeiras - hoje a cada 10 carros 11 tem bandeira, lojas, casas, restaurantes. Parece Copa do Mundo no Brasil. Só que a seleção dos caras é o exército. Cada turma que embarca, choro, banda e tome "God bless America". Parece a gente, preocupados com a unha encravada do Rivaldo.

Ninguém quer saber porque meio mundo tem ódio mortal deles. De uma hora pra outra 95% dos caras concordam com tudo que o W. Bush fala, o mesmo que nos seus primeiros dias de governo disse: "O que é bom para os EUA é bom para o resto do mundo".

Vibram, enquanto tomam cerveja na frente da TV vendo as bombas destruírem o que já não existe. Filme que eles já viram em 1991 quando a CNN mostrou ao vivo a destruição de Bagdá. Só aqui em LA, mais de 50 descendentes de árabes já foram atacados. Liquor stores incendiadas, restaurantes apedrejados e crianças hostilizadas nas escolas.

Muros pixados com frases tipo "morte aos árabes" são vistos logo cedo, pois a turma que apaga vem correndo logo atrás.

GATINHA

Minha manager, uma gracinha de menina, loirinha, loirinha, cantora de hard rock nas horas de folga, mostrou suas garras ao me dar um desenho do velho "Tio Sam", só que em vez do dedo indicador chamando os americanos para alistarem-se no exército, o dedo que está erguido é o do meio com dizeres impublicáveis contra os que estão contra eles . Ou seja de gatinha a urso bravo. A paz americana está ameaçada como nunca esteve, a guerra chegou aqui. O céu na Califórnia continua azul, mas agora ficamos procurando para ver se não tem nenhum Boeing despencando. Já não se encontram máscaras de gas em nenhuma loja do pedaço. Qualquer cara barbado, o nosso tradicional "turco", está tendo que andar de olho aberto. Estou me sentindo naquela de "se ficar o bicho pega, se correr o bicho come". Calçadão de Venice com anthrax no ar ou Faria Lima com trombadão, pois trombadinha era quando eu estava por aí, e imagino que os caras cresceram. Assalto a mão armada ou bactéria vindo junto pelo junk mail ? No século 21 e os caras com cabeça na Idade Média.

Bom, espero que na pior das hipóteses, possa escrever pra TRIP sobre a fuga de carro via México e América Central.

Abraços a todos, ainda são e salvo


Jornal da Tarde
16/10/2001

segunda-feira, outubro 15, 2001

Nebula, ao vivo, em FM
MARCELO VALLETTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Já está se tornando tradição ouvir, nas noites de segunda-feira, boas atrações internacionais tocando ao vivo nos estúdios da Brasil 2000 FM (107,3 MHz na capital paulista e em www.brasil2000.com.br).
Hoje, a partir das 23h, participa do programa "Garagem" (também na internet, em www.garagem.net) o trio norte-americano Nebula, que está em turnê pelo país desde a semana passada e faz show em São Paulo na próxima quinta-feira.
Contratado pela gravadora Sub Pop, que revelou o Nirvana e outras bandas da era "grunge", o Nebula toca um rock pesado com toques de psicodelismo, na trilha de grupos como Monster Magnet e Queens of the Stone Age.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi, participa hoje do "Jornal Gente", a partir das 8h15, na Rádio Bandeirantes (em São Paulo, 840 kHz e 90,9 MHz; na internet, www.radiobandeirantes.com.br). A emissora também lança hoje sua campanha beneficente de Natal.

valletta@folhasp.com.br

É PODRE MESMO
O Banco Central decidiu aceitar as chamadas moedas podres (títulos públicos que são negociados com deságio no mercado em razão do risco de calote) nas próximas privatizações de bancos estaduais. Até 90% do preço poderá ser pago com esses papéis, que serão aceitos pelo valor de face.
Conforme reportagem do jornal "Valor", o objetivo do BC é estimular lances mais elevados nos leilões de bancos menores, que não têm a atratividade de grandes instituições como o Banespa e o Banestado.
O BC argumenta que, como esses papéis são dívida do próprio Tesouro Nacional, é indiferente para a União receber em reais ou em títulos.
É evidente que a permissão para usar moedas podres tende a elevar o valor nominal dos lances. Afinal, em razão dos deságios sobre o valor de face, o montante que de fato é gasto é bem menor do que o nominalmente oferecido. Mas isso não significa que a aceitação de moedas podres seja indiferente para o abatimento de dívida pública.
Isso só seria verdade se os aumentos nos preços fossem superiores aos deságios dos papéis. Se não, o Tesouro poderia em tese usar os reais obtidos na privatização para resgatar os títulos diretamente no mercado, beneficiando-se dos deságios.
A utilização de moedas podres foi um instrumento importante para alavancar o início das privatizações. Algumas estatais foram vendidas quando ainda havia recursos bloqueados pelo Plano Collor. Ao mesmo tempo, esse procedimento possibilitou limpar boa parte dos ativos podres acumulados pelo sistema financeiro durante os anos 80.
Mas, agora, o pagamento de até 90% do preço dos bancos em moedas podres soa apenas como uma maneira de permitir uma redução disfarçada dos preços mínimos.
O BC talvez tema que, em razão da estagnação econômica, tais preços estejam altos. Mas, se isso for verdade, o mais correto seria reavaliar os valores mínimos de forma transparente. Ou deixar as privatizações para quando a economia estiver melhor
London Burning Festival Neste sábado (20/10), às 22h, no Orbital (r. Augusta, 2.894, tel. 0/xx/ 11/5096-0737), a festa traz o lançamento do CD do Strokes e os shows das bandas De Falla, Sonic Jr. e Tiazinha e os Cavaleiros Mascarados. Ingresso: R$ 8.
escuta aqui

Bin Laden nos olhos dos outros é refresco
ÁLVARO PERREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

F., nosso personagem de hoje, é um tipo raro de cientista: tem uma paciência de Jó. Mesmo trabalhando em um centro de pesquisa de ponta na Califórnia, em clima altamente competitivo, F. destaca-se pela vontade de ajudar. Não faz fofoca de escritório e não se incomoda, pelo menos aparentemente, em passar horas explicando uma nova técnica a um companheiro.
F. tem uma deficiência física, que suplantou com empenho e capacidade intelectual.
O começo de setembro era especial para F.: sua mulher, professora, também deficiente física, estava grávida. Tempo especial, mas também aflitivo: fazia semanas que aconteciam vários "alarmes falsos". E o parto, mesmo quando parecia iminente, acabava adiado.
O sogro de F. passava uma temporada na Costa Leste. Preocupado com as incertezas da gravidez da filha, decidiu vir acompanhar tudo de perto.
Mas o sogro de F. nunca mais viu a família. Ele estava no vôo 93 da United, que caiu sobre a Pensilvânia, em 11 de setembro. Nesse avião, ao que tudo indica, passageiros atléticos enfrentaram os terroristas, evitando um desastre ainda maior.
O filho de F. finalmente nasceu, está bem. Ia se chamar J., os pais mudaram para A., nome do avô que ele jamais vai conhecer.
Contei esta história porque tenho lido sobre certas reações antiamericanas no Brasil. Logo depois dos ataques de 11 de setembro, vi que jovens alunos de uma colégio de filhinhos de papai da zona sul do Rio apoiaram maciçamente a demência de Osama bin Laden.
Até entendo essas atitudes. Apesar de viver há dois anos aqui e de apreciar principalmente o acesso à informação que os EUA possibilitam, minha admiração pelo modo de vida local é zero. Não engulo seu pragmatismo cego, sua incapacidade de enxergar nuances, sua ignorância sobre tudo o que não seja americano.
Sei que os EUA são arrogantes e que seu presidente parece ter um teleprompter embutido no cérebro.
Mas não dá para achar bonito ver 5.000 inocentes morrerem.
Do conforto da zona sul carioca, com escr..., digo, empregadas satisfazendo todos os desejos e com a mamãezinha trazendo comida quente, é fácil ser rebelde.
Se blablablá fosse alguma coisa, o Brasil não estaria na lama de hoje, e Glauber Rocha teria sido o maior cineasta de todos os tempos.
A loucura Taleban não é uma abstração. Matou gente de verdade, como o sogro de F., cientista do bem.


GRINGAS

Calcinhas da Shirley 1
O Garbage, banda da rainha diaba Shirley Manson, foi promover seu novo disco no programa de entrevistas de David Letterman. Com a ruiva Shirley no palco, claro que a música passa para segundo plano, e foi difícil não achar estranho o novo visual que ela apresentou, tipo David Bowie em 74.

Calcinhas da Shirley 2
Ela raspou quase careca dos lados, e deixou uma enorme franja vermelha. De botas pretas até o joelho, Shirley usava uma bermuda jeans comprida, bem folgada na cintura. Aparecendo acima da bermuda, viam-se claramente as laterais de uma calcinha vermelha. Mas calcinha de gringa, tipo aquelas em forma de coador.

O melhor de Nova York
Se você tem acesso, não deixe de comprar a edição especial da revista "Rolling Stone" sobre os atentados contra Nova York e Washington. Dois destaques: o jornalista que passou semanas numa escola religiosa no Paquistão (muito Alcorão, homossexualismo e um pouco de vôlei) e o repórter que almoçou com Bin Laden no Sudão.

História do New Order
Ainda sob o impacto do ótimo CD "Get Ready", "Escuta Aqui" não consegue parar de ler tudo o que cai em suas mãos sobre o New Order. A última maravilha foi uma gigantesca reportagem da revista "Mojo", contando tudo e mais um pouco sobre o grupo. Para os raros que têm din-din, imperdível.




CD PLAYER

"East Polar Opposite Can Dream", Magoo
É com satisfação que "Escuta Aqui" registra a volta de uma de suas bandas preferidas. Este compacto com três faixas mantém a linha eletrônica/rock, obra de cientista maluco.

"Androginy", Garbage
A nova do Garbage é o tipo de música que parece que vai, parece que vai e acaba não "fondo". Como dizia o Butt-Head, às vezes é legal que parte de uma música seja ruim para que a parte boa pareça melhor ainda.

"Retrato do Artista Quando Coisa" Luiz Melodia
Dica de um amigo no Brasil, este Eject prefere economizar as palavras e pedir que você olhe a capa deste CD artístico, com Luiz Melodia pintado como Carlinhos Brown na Timbalada.

terça-feira, outubro 09, 2001

Aquiéquistão
por Paulo Lima

Curiosamente, há uns 15 dias, simultaneamente, duas revistas semanais veicularam pela cidade, outdoors praticamente idênticos com frases que diziam: "Agora é a vez do terror ficar com medo".

De fato, começaram os ataques aéreos ao Afeganistão. A pergunta é : seria uma espécie de jogo de revezamento em que cada um fica com medo uma semana?

Os jornais falam em um plano especial de defesa dos símbolos nacionais pelas forças americanas. Quais são os símbolos nacionais defensáveis? A Disneyworld? O Empire State? A fábrica da Budweiser? Uma escola primária no Texas? Como é possível prevenir ataques suicidas em um país enorme? E ainda que fosse, quem protegerá os vizinhos? E os aliados?

Um amigo me disse algo que não me sai da cabeça: este conflito vai servir para realizarmos que não existe mais o outro. Um ser esquisito, distante, um inimigo com cara feia, que vivia em outras paragens, do qual era possível manipular a imagem, de forma a torná-lo um monstro comedor de crianças, a quem devíamos odiar incondicionalmente.

Agora ele vive perto, leva as crianças no parquinho logo ali, dirige o táxi, lava pára-brisas nos faróis, é motoboy, cursa aulas na faculdade, mora em frente... Mais que isso até, o inimigo chegou tão perto que agora vive dentro de nós. Esse é o inimigo mais difícil de combater. O pedacinho da gente que não tolera o diferente, que se considera, ainda que só um pouquinho, melhor que os outros, que deseja matar para resolver diferenças, que não respeita outras cores, outras crenças, que despreza os velhos, os feios, os pobres, os gordos, os magros, os bem sucedidos, os loosers, os muito magros, os muito ricos, os de outro partido, os do outro time, os gays, os bissexuais, os chatos...

Bestinhas de coleira

Não só os americanos, mas todos nos vimos de repente a lidar com bin ladenzinhos internos que vivem acorrentados mas que, em alguns mais, em outros menos, soltam-se das amarras volta e meia e derrubam as torres dos outros.

O que foi, se não o embate entre essas criaturinhas repentinamente soltas de suas coleiras, o vozerio coletivo que gritou em coro o nome do terrorista nº 1 diante do músico americano que tocou o hino de seu país em solo gaúcho semana passada. O que queriam dizer os dois lados dessa cena? O que de fato queriam dizer aqueles que gritaram o nome de Bin Laden? Que sentimento realmente expressava o músico, quando disparou ao microfone "God bless América and fuck you all?".

Agora, será preciso entender um pouco melhor todas as nuanças do fundamentalismo. Não só a mais clara e exposta, que se envolve em lenços e usa barbas longas e metralhadoras, mas a do outro lado que, da mesma forma, não tolera o diferente e tenta impor suas crenças e verdades ao outro e, por quê não?, prestar mais atenção ao fundamentalismo brasileiro, das castas poderosas que empurram seus modelos injustos e opressivos sobre os miseráveis, além dos limites suportáveis ou de qualquer lógica. Se olharmos a violência da guerrilha urbana que nos cerca, aqui mesmo em São Paulo, ficará fácil perceber que não são só os terroristas árabes, Bush e os americanos que têm que rever seus métodos, prioridades e verdades antes que seja tarde para corrigir o rumo.



Jornal da Tarde
09/10/2001


Muito rango e pouco som
[ 05.Out.2001 ]







Procurar no arquivo

Mais Babel:

A. Corrêa do Lago
Aldir Blanc
Arthur Dapieve
João Moreira Salles
Joaquim F. Santos
Ricardo Prado

Discos
Filmes
Livros
Olhares e perfis



Dorrit Harazim
Marcos Sá Corrêa
Sérgio Abranches
Tutty Vasques
Villas-Bôas Corrêa
Walter Fontoura
Xico Vargas
Zuenir Ventura

A. Corrêa do Lago
Babel

Andrea
Kauffmann-Zeh
Ciência

Aldir Blanc
Babel

Arthur Dapieve
Música

Camille Paglia
Salon

Carla Rodrigues
Textos acadêmicos

Elena Landau
Futebol

Flávia Velloso e
J. Teixeira da Costa
Economia

Guilherme Fiuza
Opinião

João Moreira Salles
Babel

Joaquim F. Santos
Televisão

Leonardo Pimentel
Notícias na rede

Pedro Doria
O que há (pela web)

Ricardo Prado
Babel

Rita Lee
Alô Alô Marciano

Scott Rosenberg
Salon

Silvio Meira
Tecnologia

Suzy Capó
Sexo



André Urani
C. de Moura Castro
Drauzio Varella
João Gordo
Kenneth Maxwell
Luiz E. Soares
Luiz F. Alencastro
Sergio Bermudes



Arnaldo Cohen
Londres

Inês Pedrosa
Lisboa

Frédéric Pagès
Paris

Jonathan Kandell
Nova York



Babel

Discos
Filmes
Livros
Olhares e perfis

Especiais
Reportagens

Notícias
das agências

Caixa postal
Correspondência do leitor

Arquivo
Pesquisa completa

Biblioteca
Textos para download

Quem somos
Equipe e contato






Ivan Finotti


Márcio Custódio

Três da madrugada de segunda para terça desta semana. No Espaço Urbano, uma casa noturna no bairro de Pinheiros, em São Paulo, algumas mesas separam Ian McCulloch, líder e vocalista da mítica banda de rock Echo & the Bunnymen, e Alexandre Pires, líder e vocalista do alinhado grupo de pagode Só Pra Contrariar.

O jornalista André Barcinski não se contém. Chega no ouvido de Pires:

-Alexandre, tem um cara ali na mesa, um roqueiro inglês famoso, que é muito fã do seu trabalho. Ele adora o Só Pra Contrariar, tem todos os seus discos e quer muito te conhecer. Você poderia dar uma chegadinha ali comigo?

Na mesa, o também jornalista Paulo César Martins, o Paulão, faz a sua parte:

-Ian, tem um cara ali na pista que te adora. É o maior sambista do Brasil e é fã do Echo & the Bunnymen. Ficou sabendo que você estava aqui hoje e veio especialmente para te conhecer. Ah, ele está vindo para cá. Vamos tirar uma foto juntos?

É claro que Ian nunca tinha ouvido sequer falar de Só Pra Contrariar. E, para Alexandre Pires, o nome Echo & the Bunnymen soa tão distante quanto as montanhas do Afeganistão. Mas que a foto saiu, saiu. E também um diálogo de meio minuto, com amenidades como "Está gostando do Brasil?" e "Já foi à Inglaterra?", cada um tentando ser simpático com o outro, crentes que estavam diante de um fã número um.

Diversão garantida, pelo menos para os dois jornalistas e os DJs Márcio Custódio e Érica de Freitas, que acompanhavam Ian na balada. Balada que começou no início da noite com um rolê pelas rádios rock de São Paulo, onde o inglês divulgava o CD "Flowers", o último de sua banda, lançado aqui pela independente Sum Records. Na Brasil 2000, McCulloch e sua escudeira da gravadora, Andréa de Marco, participaram do caótico "Garagem", programa de Barcinski e Paulão. Lá, ele destruiu um CD de Paul Simon com uma furadeira ("É justo pelo lixo que ele tem feito nos últimos 20 anos") e tomou três caipirinhas de pinga de alambique mineira ("É uma das melhores que já tomei", disse ao barman Raimundo, trazido especialmente do Galpão 16). Em 87, após sua primeira turnê brasileira (a outra foi em 99), o autor de "Rescue" declarou que a melhor coisa que descobriu no país foi a mistura de limão, açúcar e cachaça.

A passagem de uma semana de McCulloch pelo Brasil pode ser resumida em três pontos principais: bebida, comida e mais bebida. Com algumas pitadas, é claro, de sexo, drogas e rock´n´roll. No Urbano, onde conheceu o pagodeiro, McCulloch engatou às três caipirinhas quatro conhaques misturados com licor de creme de chocolate, mais alguns drinques esparsos. Ficou tão alegre que, na volta para o hotel da Vila Olímpia, no Uno 89 prateado da DJ Érica, não fechou a boca. Cantou Abba ("Fernando"), Frank Sinatra ("My Way"), Oasis ("Champagne Supernova", "um lixo", disse). Cantou até "People Are Strange", canção do Doors surrupiada pelo Echo em 1987. "A minha versão é melhor, não é?", perguntou.

Na quarta-feira, Barcinski, Paulão e Érica levaram Ian e Pete Byrne, empresário e guitarrista de apoio da banda, ao clássico Corinthians e Palmeiras, no Morumbi. McCulloch é um entusiasta apaixonado do futebol. Na Inglaterra, é torcedor do Liverpool, daqueles que compram carnês com todos os ingressos da temporada. "Fui em todos os jogos nos últimos 14 anos. Ainda vou ser presidente do clube", brinca. Paulão, corintiano de comprar pay-per-view, presenteou o roqueiro com uma bandeira do Timão e garantiu mais uma adesão à sfileiras alvi-negras. A partida foi das boas, 4 a 2 para o time de McCulloch, mas o inglês quase pôs tudo a perder. Quando o jogo estava 3 a 0 para o Corinthians, com apenas 30 minutos de bola corrida, ele hutou:"Vai ser 5 a 0". Foi só ele falar que o Palmeiras marcou e chegou perto de empatar o jogo, no início do segundo tempo, ao diminuir para 3 a 2.

Só mesmo esse pé frio para explicar a roupa de inverno londrino com que Ian foi ao Morumbi. Com meias pretas de lã, tênis Adidas de couro, calça de veludo, camiseta preta, paletó (que ele não tirou) e bandeira do Corinthians enrolada no pulso, o autor de "Killing Moon" deve ter sofrido horrores debaixo do sol de 30 graus, mas não demonstrou. Fato curioso, ainda mais depois que ele se encantou com os sanduíches na porta do estádio. "O que é isso?" Era pernil. Comeu um e pediu um segundo, dessa vez de linguiça. Ambos completos, com maionese, repolho e o que mais viesse. Durante a partida, comprou quatro tipos de amendoim: bolinha, japonês, com casca e doce. A única coisa que recusou foi a cerveja sem álcool vendida no local. "É muito ruim", disse, contorcendo toda a cara.

Depois do jogo, McCulloch foi ao Montana Grill, churrascaria da dupla caipira Chitãozinho e Xororó na avenida Juscelino Kubitschek. Adorou a fraldinha, comeu dezenas de corações de frango e pediu a costela mais gordurosa da casa, tudo acompanhado por cerveja (com álcool) e mais caipirinha. Na sobremesa, pediu pudim de leite, mas pediu para trocar a calda de caramelo por um cálice de rum como cobertura.

O dia seguinte, quinta-feira, foi a vez do DJ Club. Márcio Custódio e Érica de Freitas, que mantêm lá o projeto Sound, aos sábados, organizaram uma festa especial para Ian discotecar. Ele pediu uma lista de CDs que iam de Blur a Velvet Underground, passando por Nirvana, Fatboy Slim e Frank Sinatra. Quinhentas pessoas lotaram o lugar. Eram todos jornalistas e fãs, como Marcelo Araujo, o Meleca, que seguiu Ian por onde passou. Depois das visitas às rádios na segunda, Meleca foi atrás do inglês no Sesc Pompéia, onde gravou o programa "Musikaos", na terça-feira, e fez plantão na porta da MTV na quinta. Ali, conseguiu autógrafos em dois CDs. Mais tarde, Meleca conseguiu entrar no reservado do DJ Club, onde Ian e alguns poucos bebiam cerveja. Apertou as mãos do roqueiro e trocou algumas palavras. "Vou passar a semana inteira fazendo inveja para os meus amigos no Tremembé", explicou o único fã da zona norte que pode se gabar de ter entrado no reservado de seu ídolo.

O set de McCulloch foi dos mais estranhos que se viu no DJ Club. Não pelo pouco tempo, não mais que 40 minutos, nem pelas músicas que tocou, apesar de algumas esquisitices: Iggy Pop ("Lust for life"), Doors ("LA Woman"), david Bowie ("Jean Genie"), Nirvana ("All Apologies"), Grace Jones ("La Vie en Rose") e Frank Sinatra (vou ficar devendo), nessa ordem. O que causou estranheza foi que ninguém dançou. Os convidados ficavam ali, na pista lotada, olhando para McCulloch como se fosse um show de rock, sem querer perder um único trejeito do artista. Ao fim de cada música, Ian era aplaudido. O auge foi quando entrou uam música própria, "The Cutter", música de "Porcupine", CD que Kurt Cobain considerava um dos melhores de todos os tempos. Ian abaixou o som nos refrões para o povo cantar e, como um maestro, conduziu a canção. Para sair, escolheu "She Loves You", dos Beatles.

Sexta-feira era dia de Ian conhecer o barzinho do Hotel Cambridge. E sábado, dia de ir embora. A mala sai mais recheada do que quando chegou, no domingo passado. No meio das roupas pretas, vai uma camiseta amarela da Seleção Brasileira, presente que todo gringo parece estar destinado a receber. E, claro, a bandeira
do Corinthians.


segunda-feira, outubro 08, 2001

escuta aqui

Os mensageiros da fofura estão chegando
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Um mundo onde o cordeirinho e o leãozinho são amiguinhos. Onde todos dançam alegres, em fofura comunal. Onde não existe a guerra, só o amor, o amor.
Belle and Sebastian, a banda escocesa que daqui a poucos dias toca no Free Jazz, aí no Brasil, vive em um lugar assim. Doce, politicamente correto. E cheio de melodias maravilhosas.
Foi esse o clima de um show que eles fizeram há alguns dias em San Francisco, no lendário teatro Warfield. Duas noite esgotadas, como sempre por aqui.
Em um lance incomum, o show começa com um cover: "Leader of the Pack", da banda de meninas dos anos 60 Shangri-Las. Stuart Murdoch, vocalista e principal compositor do grupo, entra no palco pilotando uma moto.
A imagem é de uma aula de conservatório em cidade pequena. Em algumas canções, chega a 13 (!) o número de músicos em ação. São oito da banda e cinco de apoio. Todo mundo vestido como se estivesse lendo um livro em casa, todo mundo um pouco feio ou um pouco gordo ou um pouco desajeitado. E absolutamente nenhum artifício técnico-cenográfico.
A cidade é San Francisco, o lugar mais frufru e politicamente correto da galáxia, então, Belle and Sebastian estava em casa, mais do que em sua Escócia natal.
Estão todos tão à vontade que Murdoch pergunta se alguém na platéia sabe cantar "The Boy With the Thorn in His Side", dos finados Smiths. Claro que alguém sabe. O fã sobe ao palco e manda a música inteira, acompanhado pela banda!
O domínio sobre a platéia é agora completo. O B&S ataca (o verbo talvez seja muito forte) com "The Boy with the Arab Strap", e duas funcionárias do teatro cometem a inominável ousadia de dançar nos corredores entre as cadeiras.
São rapidamente seguidas por dezenas de bellemaníacos, que fazem trenzinho e ensaiam coreografias.
Claro que tudo dura pouco, porque as rígidas regras de segurança não permitem ninguém nos corredores.
E também não daria para continuar dançando, porque a próxima música é a linda e lenta "Fox in the Snow", o melhor momento da noite.
No bis, outro cover, "Everyday People", da multirracial Sly and the Family Stone, uma das bandas-símbolo de San Francisco.
Murdoch explica que, na turnê americana, eles terminam cada show com uma música de um grupo importante da cidade.
Em breve, estarão no Brasil. "Trem das Onze" e "Garota de Ipanema" à vista?

terça-feira, outubro 02, 2001

Radiohead faz disco ao vivo




O Radiohead anuciou na semana passada que vai lançar um disco ao vivo com gravações feitas durante a sua última turnê européia. O disco vai se chamar "I Might Be Wrong" e o repertório é baseado apenas nos álbums "Kid A" e "Amnesiac", exceto a inédita "True Love Waits". O lançamento está previsto para o dia 12 de novembro.

A lista das músicas do CD:

"The National Anthem"
"I Might Be Wrong"
"Morning Bell"
"Like Spinning Plates"
"Idioteque"
"Everything In Its Right Place"
"Dollars And Cents"
"True Love Waits"
O colunista mais amado e odiado do Brasil

Por Sylvie Piccolotto & André Takeda



Dividindo seu tempo entre San Francisco e São Paulo, o jornalista Álvaro Pereira Júnior cria polêmicas semanais em sua coluna Escuta Aqui, publicada todas as segundas-feiras no caderno Folhateen da Folha de São Paulo. Confira aora o papo que o London Burning bateu com APJ.

LB - Vc, o André Barcinski, o Lúcio Ribeiro, entre outros, são muito criticados pelos jovens jornalistas, que os chamam de "velha guarda". Eles acreditam que vcs não têm mais nada de novo a dizer e os acusam de serem preconceituosos em relação ao rock pop nacional. O que vc tem a dizer a esta "jovem guarda"?

APJ - Acho natural que surjam novas gerações de jornalistas. Se cobro tanto, na minha coluna, que a MPB deve se renovar, eu não poderia agir diferente quando o assunto é jornalismo musical. Mas é bom lembrar que juventude, por si, não garante qualidade. E, infelizmente, o pouco que leio desses novos nomes é muito fraco. Sem querer parecer pedante, 90% do que cai na minha mão é imitação do meu jeito de escrever, que, por sua vez, já não é lá grande coisa...

LB - Vc conhece/lê algum zine de cultura pop feito no Brasil?

APJ - De vez em quando recebo alguma coisa, e, do pouco que leio, acho quase tudo sofrível. Idéias requentadas, estilo gongórico, piegas. Uma desgraça. Única exceção: um zine feito por ex-alunos da ECA-USP chamado "Hypoglós", se não me engano. Era absurdamente bem-escrito e tinha idéias originais, visão de mundo própria, erudição, deboche... e me esculhambava bastante. Não sei onde andam esses caras (eram dois). Pena.

LB - Como é (foi) fazer programa de rádio tocando músicas pouco ouvidas pela grande massa? Você gostaria de ter um programa diferente?

APJ - O "Garagem" é uma brincadeira. Só existe porque o André Barcinski é maluco. Não ganhamos nem pagamos nada para fazê-lo. É divertido, e está no horário certo.

LB - Muita gente afirma que é necessário viver fora do país natal para amá-lo de verdade. Vc, que vive nos Estados Unidos, concorda com isso? Como a sua experiência no exterior mudou o jeito que vc vê o Brasil?

APJ - Morar fora é importante porque o acesso à informação, nas grandes cidades do primeiro mundo, é estupidamente maior do que se tem no Brasil, mesmo em São Paulo. Por outro lado, a vida no exterior é também chata e cheia de regras, coisa que incomoda brasileiros. Em resumo, sem morar fora um tempo, acho difícil alguém escrever direito sobre qualquer assunto. Mas tem seu preço.

LB - O que a cena independente de rock brasileira tem que aprender com a americana? APJ - Primeiro, aprender a tocar. Segundo, a se organizar. No Brasil, há uns meses, vi um show de uma banda chamada Super 8, e gostei. Fui pedir uma fita pros caras e eles disseram que não tinham, mas que "parece que um cara nas galerias tem". É o fim.

LB - Qual foi o último show que vc assistiu? Que show vc gostaria de assistir que vc não tenha visto.

APJ - O último foi Belle and Sebastian, em San Francisco. Nunca vi Beatles, gostaria de.

LB - Quem é mais chato: Arnaldo Antunes ou Radiohead?

APJ - > Arnaldo Antunes, porque é em português e a gente entende as bobagens que ele fala. E o Thom Yorke, chato ou não, tem muito talento.

LB - Quase todo mês a Folhateen publica uma carta de um leitor pedindo a sua
demissão. Qual o seu sentimento em relação à tudo isso? E a Folha, como reage?

> APJ - Minha coluna sai em um caderno semanal, que nem tamanho de jornal tem e é dirigido a um público específico (adolescentes). Em bom português: "Escuta Aqui" não tem a mínima importância. A Folha tem coisas mais urgente com que se preocupar.

LB - Como vc se sente colocando Belle & Sebastian, Air, Radiohead e outras bandas legais como trilha de suas matérias no Fantástico?

APJ - Me sinto feliz de que alguém perceba.

LB - Quais são seus projetos atuais?

APJ - Voltar para o Brasil, em definitivo, no fim do ano. Fazer um livro-coletânea de minhas colunas.

LB - Em uma coluna, li que vc é fã de Nick Hornby. Então vamos fazer como o personagem de Alta Fidelidade? Para você quais são: 1. as cinco melhores músicas de todos os tempos e 2. as cinco piores músicas de todos os tempos.

APJ - Tenho péssima memória, Sylvie. Fico te devendo essa. Mas a melhor deve ser dos Beatles, ou do Sonic Youth, ou do Clash. E a pior, Carlinhos Brown, Titãs ou Creed.

LB - Qual é a sua aposta pessoal para a música atualmente?

APJ- Não faço idéia. Se o futuro não significar que todas as bandas serão iguais ao Blink-182 e ao Staind, já está bom.

LB - Vc escuta rock nacional atual? Recebe demos e afins?

APJ - Não recebo e não escuto.

LB - O que vc acha do que está acontecendo no Brasil em relação à atividade de bandas 'underground'?

APJ - Pelo que leio, há muita gente se mexendo, principalmente em centros menores, como Goiânia, Londrina etc. Tomara que saia coisa boa daí, e não a milionésima imitação do Weezer.

LB - O que você acha do dito rock gaúcho?

APJ - Eu sempre falo para uns amigos gaúchos: deve haver algo muito errado com um povo cujo grande salto cosmopolita na vida é mudar-se para... São Paulo!

London Burning
Na edição do próximo sábado do London Burning Festival, principal festa dos indies paulistanos, o destaque é o show do gaúcho Wander Wildner, ex-Replicantes. Tocam também o Som Tomé e o Nadacult.

Onde: Orbital (Rua Augusta, 2894)
Tel.: 11 5096 0737
Quando: Sábado, dia 6/10
Ingressos: R$ 8


01/10/2001

Rumo à Islândia

Encontrei Fabio Massari há uns sete meses e ele havia comentado que estava finalizando um livro sobre a cena musical da Islândia. Pensei: se tem alguém que realmente faria isso, esse cara é o Massari.
Dito e Feito.
Rumo à Estação Islândia é um excelente apanhado sobre a evolução musical na ilha, dos anos 60 até os dias atuais, além de compilar informações sobre as bandas que fizeram história no cenário local como Trúbrot, Medusa e Icecross (metal dos bons).
O livro conta com entrevistas valiosas de músicos de diferentes gerações como Sugarcubes e do magnífico Sigur Rós (essa banda é foda!).
Invariavelmente as entrevistas resvalam na principal personalidade local: Bjork - a sombra da cantora (ex-Sugarcubes) ainda cobre toda a ilha, que tem menos do que 300 mil habitantes. Massari conseguiu mostrar esse caleidoscópio musical sem ser óbvio.
Bom saber que muitas preocupações e questionamentos dos músicos de lá são exatamente iguais aos que temos aqui.

YVES PASSARELL É GUITARRISTA DA BANDA VIPER E AUTOR DE TEMPORADA NA ESTRADA (EDITORA GRYPHUS, 1999)

Rumo à Estação Islândia, Fabio Massari, Editora Conrad (www.conradeditora.com.br), 232 páginas, R$ 22,10
Is This It

Sabe aquela história que os Strokes são mesmo tudo isso? É verdade. E sabe aquela outra de que eles são a melhor banda que surgiu nos últimos 20 anos? Pois eles não concordam e dizem que se fosse assim, eles não existiriam. Aliás, o que menos importa é essa babação sobre ser a melhor banda dos últimos 10, 20 ou 100 anos. Eles são incomparavelmente autênticos e originais, mesmo sem trazer nada de novo. Eles não podem ser comparados a nada. Eles são os Strokes. E são simplesmente estupendos.

Is This It é um dos melhores álbuns de debut da história do rock. E os Strokes notadamente não têm a menor noção do quão bons são, ou simplesmente estão ocupados demais tocando e fazendo suas músicas para dar bola ao hype. Eles não têm noção da genialidade das letras e voz rouca do Julian Casablancas, da bateria quase tosca do brasileiro Fab Moretti, das guitarras cruas e distorcidas de Nick Valensi e Albert Hammond Jr. e do baixo reto e linear e básico de Nicolai Fraiture.

Melhores amigos desde o segundo grau, os Strokes aprenderam a tocar juntos e nenhum deles jamais tocou com outra banda, o que talvez explique o fato de as músicas serem deliciosamente construídas como castelos de cartas: se tirar uma notinha do lugar elas desabam.

Os cinco jovenzinhos de Nova York não ficam devendo nada a Velvet Underground, The Fall, The Stooges e todas aquelas bandas maravilhosas que surgiram nos Estados Unidos durante os anos 70. Is This It é um álbum com 11 hits perfeitos e redondinhos. "Trying Your Luck" é de arrepiar os cabelinhos da nuca, "New York City Cops" (que foi cortada da versão americana, pois não é hora de falar sobre os policiais da cidade) é um convite ao pogo e "Last Nite" vai virar - se é que ainda não virou - hino de uma geração.

Se eles vão ser grandes? Se eles são o próximo Nirvana? O próximo Oasis? Não importa. Esqueça o hype, tome uma cerveja e aproveite os Strokes.

CLARAH AVERBUCK É JORNALISTA E ESCRITORA

Is This It - The Strokes (BMG)
Gostoso por Paulo Lima

Se a cada vez que alguém fala que gostaria de sair de São Paulo, uma criança fosse retirada das ruas, em questão de segundos menores abandonados seriam mais raros que as ovas do esturjão albino. Basta se formar uma roda com duas pessoas e a hipótese da mudança para outro local mais habitável vem à baila. Ainda que Nova York, talvez o preferido dos mais abastados na lista dos refúgios ideais, tenha saído momentaneamente do ranking, não há fim para as discussões questionando se vale a pena viver metido no caos urbano. Na manhã de segunda, quando escrevo este artigo por exemplo, há centenas de quilômetros de congestionamentos, enchentes e desabamentos em virtude da chuvarada que despencou sem aviso prévio. Sem falar na violência, que deixou de lado qualquer referencia à lógica.

Mas com tudo isso, por que São Paulo não se esvazia? Por que se vê o mercado imobiliário borbulhando de gente atrás da chance de viver próximo aos Jardins, na Vila Madalena, na Moóca, no Jardim São Bento, em Pinheiros, na Lapa, e até mesmo no velho centrão?

Sou capaz de enumerar algumas respostas. Vejamos a livraria Cultura por exemplo. Entrar em sua loja é obter uma experiência de prazer, que só era possível até pouco tempo nas Barnes & Noble e quetais, espaços que à maioria dos mortais só era dado experimentar em filmes. Além da clássica sede do Conjunto Nacional, a filial do Shopping Villa-Lobos é deliciosa, tem atendimento cordial, luz agradável, estoques fartos e, pasmem, poltronas para que se degustem os volumes em paz celestial, sem bedéis rondando ou limites de tempo.

Há bem pouco tempo isso seria considerado uma loucura por qualquer comerciante preocupado, simplesmente, com o volume do caixa e com a fiscalização de clientes e funcionários. Na mesma linha, a Fnac, mesmo tendo visto a loja de eletrônicos se sobrepor aos livros, que ocupavam 100% do espaço na gestão anterior, continua oferecendo espetáculos de artes de ótima qualidade para quem desejar assistir. Sexta passada, pais filhos, namorados e aposentados esqueciam da carne e viajavam ao sabor do espírito.

Em alfa

Bem perto dali, há uma outra resposta. O Parque Villa-Lobos, alvo de pendengas e dúvidas políticas, e que nasceu de um projeto duvidoso, vai com o passar do tempo ganhando beleza e, acredite, administração inteligente. Com a maratona do Pão de Açúcar, a empresa de supermercados despejou verba e bom senso, que se transformaram em viveiros de plantas, quadras de tênis abertas ao público, sinalização, floreiras e até uma pista rústica para mountain bike, numa áreas até então vetada ao público. A Caloi investiu em publicidade discreta e adequada, reformando e sinalizando a ciclovia. A Nossa Caixa banca painéis publicitários que aparentemente viabilizam a manutenção das quadras de tênis. Milhares de pessoas aproveitavam o domingo passado por lá, ainda com a expressão desconfiada de quem decididamente não está acostumado a ver o poder público fazer algo assim.

Virando o foco radicalmente do lazer barato à cultura mais sofisticada, se é que é possível graduar desta forma simplória formas diversas de manifestações de cultura, o fato é que o Teatro Alfa merece todos os louvores. Esta semana , a ópera Carmen, logo depois da fantástica Pina Bausch. Em outubro Oscar Peterson, só para falar de uma pequena parte da programação da casa, que diga-se, tem estacionamento, banheiros, poltronas, funcionários e acústica excelentes.

Prefere algo que possa fazer em casa, digno do que há de melhor no mundo, mas visto com olhos brasileiros? Compre um exemplar da revista Arc Design. Posso afirmar que ingleses, americanos e italianos tem de tirar seus chapéus encardidos do ranço Uó Paper para admirar essa publicação brasileira sobre arte, design gráfico e arquitetura, de beleza e sofisticação reconfortantes. Entre outras coisas, uma época como essa faz com que prestemos mais atenção ao que vale a pena.


Jornal da Tarde
02/10/2001

segunda-feira, outubro 01, 2001

Para quem quiser comprar os discos da Pelvs, ou outros mais, aqui vai o site da Mid madness Records (acho que é isso)
É pretendia colocar aqui a coluna do Álvaro pereira Júnior, mas ela não saiu essa segunda!
Fica pra próxima!
Amanhã tem Paulo lima, em homenagem ao meu amigo filho, o viajante!
esse textículo, foi para meu amigo Edgar zé ruela!
Sirvam-se:

É Zé ruela,

Eu podia estar em Ouro Preto, assistindo ao "fabuloso" show de gravação do "ao vivo" Skank. Aquele que agrada da vovó ao netinho.
Ou mesmo estar no Ibirapuera para aquele fantástico e inesquecível show a Marisa Monte pela paz!
Falando em paz, que tal então uma apresentação de Gil em plena Bahia? cantando aquela pérola do cancioneiro, como aquele que tem o verso ..." A paz, invadindo meu coração"...ou até mesmo uma daquelas versões para as músicas do Bob marley poderem ser cantadas por todos.

Mas não, Estava em plena São Carlos,e ainda por cima, assistindo um show de um tal de Luna. aquele do cara que tocava no Galaxie 500, sabe?
Nada tão marcante como os citados acima, mas você sabe, é a vida. E ela continua.
Era só um show de rock básico, daqueles que já nos acostumamos a assistir todas as semanas por aqui.
Quem sabe um dia com todo esse intercâmbio, eles gringos consigam aprender a fazer música decente. Tenhamos um pouco de paciência com os caras.

Melhor teria ser ficado em casa. Se é para deixar a vida passar, que seja no conforto e proteção do lar. Como é bom ficar em casa enquanto o mundo gira lá fora. É tão fácil, tudo que se tem a fazer é ignorar todo o resto e ficar lá, de bobeira. Indiferente.

Mas pensando bem, como temos disponível bandas geniais por aqui mesmo, pra se dar o trabalho de pegar o carro e andar 100 km para ver uma banda de NY?
Credo! Que trabalhão!


Sobre o show?
Bom, começamos com o grupo carioca Pelvs.
É uma dessas bandas acabadas. Cantando em Inglês. Perfeitas para tocarem em qualquer lugar do mundo.(Só atrapalhou os agradecimentos: Valeu São Carrrrrrrrlos, maneeeeeeiro!)
Rock básico, melodioso e acompanhado de um trompete.
Muito bacana mesmo! Não a toa que está abrindo para o Luna na maioria dos lugares.
Já valeu os R$ 15,00 do ingresso e a gasosa. Mas ainda teríamos a banda principal.

O luna entrou tocando um rock sem muita frescura e bem tocado.
As músicas que eu tinha escutado eram de estúdio. Ao vivo a coisa pega! Ganham peso e dinamismo. Evidentemente bandas com mulheres no baixo são cool até a medula.
Foi um show bem agradável, sem muita novidade. Tenho que citar aqui nosso amigo APJR: Melhor que qualquer porcaria que tente fazer algo para vender disco daqui.

Outro detalhe interessante: quando cheguei no lugar, os caras da banda estavam ali na calçada, conversando, dando autógrafos e tirando fotos com todos que pediam. E o resto da galera ficava ali na porta, sem tumulto, tomando uma cerva e esperando a abertura da casa.
tenta você,incalto amigo, tentar um dia pegar um ingresso de algum desses gênios do Rock brazuca. Ou mesmo esses monstros sagrados da MPB.
E deixemos claro que esse comportamento é absolutamente normal em qualquer lugar nos países civilizados.

O quê?

Ah! Claro! Tá certo.Esses aí de cima são conhecidos, e o Luna é uma bandinha indie americana. Tá explicado.

Isso aí foi escrito ao som do porra do Daniel cantando(?) no superpositivo, lá na sala....Triste.

quinta-feira, setembro 20, 2001

Alguém aí conhece o lúcio Ribeiro?
Então confira a melhor coluna de informação pop nesse remoto canto do planeta Terra!!!!

Olha o endereço:
www.uol.com.br/folha/pensata
Alguém aí conhece o lúcio Ribeiro?
Então confira a melhor coluna de informação pop nesse remoto canto do planeta Terra!!!!
Cambada,

Estou começando esse blog meio perdido.
Vamos ver como a coisa caminha!

Pra começar uma boa diversão a todos!